Um dos sobreviventes dos ataques da Al Qaeda às Torres Gémeas, a 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, é uma das vítimas do atentado terrorista na capital do Quénia, esta terça-feira, e que fez pelo menos 21 mortos.

Jason Spindler completava 41 anos na próxima segunda-feira. Mas, mais de uma década e meia depois de ter sobrevivido ao mais mortífero ataque terrorista em solo norte-americano, acabou por ser uma das vítimas do Al Shabab, uma célula da organização terrorista Al Qaeda que lançou um ataque a um hotel de Nairobi.

Nesse primeiro ataque em que se viu envolvido, e que atingiu as Torres Gémeas (e o Pentágono), Jason estava no local errado à hora errada. Mas escapou. Enquanto muitos tentavam afastar-se o mais rapidamente possível dos escombros deixados pelo desabamento das duas torres, o então funcionário de um banco de investimento seguiu disparado na direção oposta.

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Entrou pelo amontoado de betão e de ferros retorcidos e, um a um, começou a retirar os corpos que ia encontrando pelo caminho. A história é contada ao The Washington Post por um colega de casa de Spindler, Kevin Yu.

Esse é exatamente o tipo de pessoa que ele é. Quando ouvimos explosões ou disparos, muita gente começa de imediato a fugir. O instinto dele era o oposto — ele salta nessa direção”, disse Yu.

Dezassete anos depois desse momento traumático, o improvável haveria de acontecer. Jason Spindler estava na capital do Quénia, exatamente no hotel que os elementos da célula terrorista Al-Shabab decidiram atacar.

A notícia foi confirmada pela própria mãe de Spindler. “Vamos todos sentir muito a falta dele”, disse Sarah Spindler à NBC. “É tão triste que uma pessoa tão nova e inspiradora tenha sido levada pelo terrorismo. Ele estava a tentar fazer mudanças positivas em mercados emergentes do terceiro mundial”, contou a mãe, citada pela BBC.

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Natural de Houston, Spindler tinha dois irmãos, ambos mais novos. Era uma “bola de energia” que esteve no Peru como voluntário ao serviço do Corpo da Paz norte-americano.

O ataque a Nova Iorque, em 2001, mudou-o por dentro. “Alguma coisa atingiu um nervo e mudou a forma como ele se sentia e como pensava nas coisas“, disse o amigo Kevin Yu. “Ele sentia que podia estar a fazer muito mais.”

No comunicado que tornou público depois do ataque, o Departamento de Estado norte-americano limitou-se a fazer uma referência à morte de um cidadão do país. No Facebook, um dos irmãos, Jonathan, deixou-lhe uma mensagem de homenagem.

Não há palavras para descrever como a nossa família se está a sentir, mas posso dizer… Jason Spindler, és e serás sempre um filho, um irmão e um tio incrível.

A família de Jason vai viajar até ao Quénia para recolher o corpo. Para segunda-feira está marcada uma cerimónia de homenagem.