António Costa concorda com  o negociador-chefe da União Europeia para o Brexit: a bola está agora do lado do Reino Unido. Mas também alinha na manutenção do diálogo, até porque “a pior solução para o Brexit é não haver acordo”. E não fechar a porta é até abri-la de par em par para ir mais longe na declaração política: “Tudo o que o Reino Unido quiser para ficar ou ter relação mais ampla, será bem-vindo”.

Depois da reunião em São Bento com Michel Barnier, António Costa alinhou com o francês sobre a possibilidade de se poder ir mais longe no acordo com o Reino Unido, para garantir uma saída ordenada do país da União Europeia. “Se o Reino Unido desejar expressar uma relação mais ambiciosa com a União Europeia do que a que está na declaração política anexa ao acordo, estamos disponíveis”, disse António Costa.

Antes dele, já Michel Barnier tinha dito aos jornalistas em São Bento — e aos deputados, numa audição parlamentar pela manhã — que “se o Reino Unido quiser uma relação económica mais ambiciosa do que a que está na declaração política, ir mais longe, é possível”. “Estamos abertos. Se disserem que têm mais ambição, acompanharemos essa ambição“, sublinhou o negociador da UE.

A expectativa é que “o Reino Unido esteja em condições de corresponder à forma profissional, responsável e clara como as negociações pelo lado europeu têm sido conduzidas por Michel Barnier”, acrescentou ainda António Costa, garantindo total concordância com o negociador, o Conselho Europeu e a Comissão Europeia na posição sobre a atual situação britânica.

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Michel Barnier, negociador-chefe europeu: “Temos de ver as coisas a mexer”

O acordo, chumbado há dois dias pelo Parlamento britânico, estava nas mãos de Barnier, durante a declaração ao lado de Costa, com o francês a manter que “o documento continua em cima da mesa” e “é o melhor possível, acordado depois de 18 meses de trabalho”. Mas há disponibilidade para o rever e Costa quis sublinhar exatamente o mesmo, garantido que o que queria mesmo era que “o Reino Unido continuasse na UE”:

Tudo o que o Reino Unido queira para ficar na União Europeia ou ter uma relação mais ampla possível com a União, será bem-vindo”

Mas isso, tendo em conta o contexto grave, tem “tempo limitado”, reforçou logo a seguir Barnier, que repetiu uma expressão já usada após a rejeição do acordo: “O relógio está a contar”. A data prevista para o Brexit é 29 de março deste ano.

Costa ainda revelou que “a última coisa que passava pela cabeça é que depois de um ano e meio a negociar o Governo britânico não tenha maioria no Parlamento para aprovar o acordo”. E que agora não se trata de “abrir a renegociação”, mas sim de o Reino Unido dar um passo para dizer como será possível uma saída ordenada.

O momento, sublinhou ainda Barnier, é “muito grave, depois do voto do Parlamento britânico”. Mas o negociador-chefe da UE para o Brexit diz que é necessário “permanecer calmos e unidos”, garantindo que a UE “continuará a trabalhar com transparência e determinação”.