O Partido Trabalhista defendeu esta segunda-feira, numa proposta de alteração ao plano de Theresa May para o Brexit, que o parlamento britânico deve poder votar a realização de um segundo referendo à saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo o The Guardian, esta é a primeira vez que o partido liderado por Jeremy Corbyn pede aos deputados que considerem formalmente um segundo referendo. O texto está, no entanto, escrito meticulosamente para não comprometer a liderança do partido no apoio ao referendo caso essa votação venha a ter lugar no parlamento.

Nesta proposta, que inclui uma espécie de “plano B-sombra” do Labour, os trabalhistas exortam o governo de Theresa May a colocar a votação duas opções: uma delas, o seu plano alternativo ao Brexit (que é uma atualização do acordo rejeitado); outra seria legislar para “realização um referendo sobre um acordo ou uma proposta” apoiada pela maioria do Parlamento.

Esta posição aparece numa altura em que a liderança do partido tenta conciliar as divisões entre  Jeremy Corbyn e alguns dos seu aliados mais próximos, que são céticos sobre um segundo referendo, e outros trabalhistas mais entusiasmados com a possibilidade de voltar a ouvir o povo, como é o caso do porta-voz do partido para o Brexit, Keir Starmer.

No entanto, juntamente com o pedido da votação de um segundo referendo, o Labour integra um plano alternativo ao Brexit caso o novo plano de May seja aprovado: propõe que o Reino Unido permaneça numa união aduaneira com a União Europeia após a saída da UE e tenha uma forte relação com o mercado único. Além disso, segundo o mesmo documento, os direitos dos cidadãos e os padrões do consumidor seriam harmonizados com a União Europeia.

Jeremy Corbyn destacou que esta proposta de alteração “permitirá que os deputados votem em opções para acabar com este impasse do Brexit e evitar o caos de um não-acordo”. O líder trabalhista defende que “é hora de o plano alternativo do Labour ocupar o centro das atenções, mantendo todas as opções na mesa, incluindo a opção de voto público. ”

As tensões dentro do Partido têm aumentado com os apoiantes do segundo referendo a pressionarem o líder a mudar de posição sobre o Brexit. Corbyn sempre disse que tem de ser respeitada a vontade popular (do primeiro referendo), mas também disse que nunca aceitaria um mau acordo. Na semana passada — na manhã em que Corbyn perdeu a moção de censura que quis impor ao Governo de May — , 71 deputados trabalhistas declararam o apoio a um segundo referendo, já que perceberam que o cenário de eleições antecipadas não seria uma realidade a breve prazo.

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