A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, defendeu esta terça-feira, em Lisboa, que as intervenções para a expansão do Porto de Setúbal têm mais impactos positivos do que negativos e são essenciais para o crescimento e manutenção da infraestrutura.

“O impacto positivo é muito maior do que as estimativas dos impactos negativos […]. Se não for feita, os portos não crescem e vamos ter a escalar no Porto de Setúbal o refugo das frotas mundiais”, disse Ana Paula Vitorino, durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar, requerida pelo Bloco de Esquerda (BE).

Segundo a deputada do BE Joana Mortágua, o projeto em causa tem levado à preocupação da comunidade local, nomeadamente no que se refere aos impactos negativos para os golfinhos do estuário do Sado.

De acordo com a governante, esta intervenção, “que há muito está planeada”, é essencial “para o crescimento, mas também para a manutenção” do porto. “Pretende-se receber navios maiores e que possa haver cruzamento de navios no canal do porto, uma vez que não tem largura suficiente para que os novos navios se possam cruzar”, indicou.

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Ana Paula Vitorino ressalvou ainda que os novos navios são mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental. “Os nossos estuários são zonas sensíveis e todas as intervenções têm que ser pensadas e têm que estar sujeitas ao mais rigoroso cumprimento da legislação nacional e comunitária”, sublinhou.

A líder do Ministério do Mar notou também que, de acordo com os estudos elaborados, estima-se que com a intervenção venham a ser criados três mil postos de trabalho diretos e dez mil indiretos. Ana Paula Vitorino vincou ainda que os estudos sobre o estuário do Sado, que levaram a um investimento superior a um milhão de euros, tiveram em conta todas as questões que foram levantas, por exemplo, em consulta pública, relativas a temas como os impactos para os golfinhos, fauna e flora marinha.

O projeto “Melhoria das Acessibilidades ao Porto de Setúbal”, que entrou em consulta pública em 2017, envolve seis metros cúbicos de dragagens. No passado domingo, a associação ambientalista Zero e o Clube da Arrábida reiteraram a necessidade de suspensão do projeto que prevê a expansão do Porto de Setúbal, apelando à Administração Pública que admita as incoerências que inviabilizam o mesmo.

“A Zero e o Clube da Arrábida consideram que a Administração Pública deverá suspender as atividades previstas e admitir que as incoerências e impactos do projeto não permitem a sua viabilização”, afirmaram, na altura, em comunicado.

As duas entidades defenderam ainda que todas as intenções de dragagens e deposição de dragados do estuário do Sado para os próximos anos “deverão ser também divulgadas de forma clara e transparente”. Para as organizações, em causa está também “o histórico pouco transparente” do projeto, que recebeu sucessivos pedidos de Título de Utilização Privativa do Espaço Marítimo (TUPEM).