Os condutores portugueses, aqui num alinhamento total com o resto da Europa, desenvolveram um fraquinho pelos SUV. Ficaram fãs da sua posição de condução mais elevada, o que lhes melhora a visibilidade e, em parte, também a segurança – no caso de um embate lateral, quanto mais alto melhor –, além da sensação de espírito aventureiro que transmitem e, sobretudo, a ideia enraizada de, quando compram um pequeno SUV, segmento que é liderado pelo Captur, levam para casa mais carro por (praticamente) o mesmo dinheiro. Isto comparando-o com um utilitário convencional, tipo Renault Clio, de que herdam tudo, da plataforma à mecânica e, por tabela, o baixo preço.

Muitos críticos acusam este tipo de veículos, os SUV com base em modelos do segmento B, de terem pouca capacidade para circular fora-de-estrada, especialmente por poucos oferecerem tracção 4×4 e, os que oferecem, não se verem recompensados com a escolha do público. Mas a verdade é que no segmento acima, o C, aquele liderado pelo Qashqai, poucos são os que disponibilizam tracção integral, ou exibem uma (muito) maior capacidade de circular por montes e vales, em estradas de terra em que os buracos não só são vulgares, como fazem parte da paisagem.

Se são pequenos, porque são tão populares?

Ao conciliarem o aspecto de um SUV com um preço acessível, a partir dos 16 mil euros, os pequenos Sport Utility Vehicles estão condenados ao sucesso. Mas o truque é que, se à semelhança dos modelos similares de maiores dimensões oferecem motores diesel e a gasolina, esta classe de modelos, substancialmente mais leves, lidam melhor com as limitações dos motores pequenos e sobrealimentados, a gasolina. É isto que lhes permite ser mais baratos – as unidades motrizes a gasolina são propostas uns milhares de euros abaixo das rivais a gasóleo – e, simultaneamente, não serem tão penalizados nos consumos ou na agradabilidade de utilização.

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Como se isto não bastasse, os SUV do segmento B baseiam-se em plataformas e mecânicas construídas em grande volume, o que faz baixar consideravelmente os custos. Talvez esta realidade não se aplique em alguns casos, como a VW, que em termos globais produz mais Golf do que Polo, mas na maioria dos restantes fabricantes, como a Renault ou a Peugeot, o preço é um trunfo determinante.

Por outro lado, ao serem mais altos, disponibilizam uma volumetria interior mais folgada, exactamente o que pretendem aqueles que, por motivos financeiros, se vêem obrigados a adquirir um veículo mais pequeno, pelo que aproveitam todas as oportunidades de o fazer crescer. Depois, soluções frequentes no segmento, como o banco traseiro regulável longitudinalmente, o que permite privilegiar o espaço para quem se senta atrás, ou a volumetria da bagageira, não deixam de sensibilizar os potenciais compradores.

O que os torna tão baratos?

O preço reduzido dos mini SUV é conseguido à custa dos argumentos que já mencionámos, mas também porque os motores a que recorrem surgem em configurações menos “puxadas” e, por tabela, mais baratas. Assim, tomando como exemplo o líder Captur, o motor tricilíndrico TCe 90, com 898 cc, fornece 90 cv, mas esta mesma unidade consegue debitar 110 cv no Twingo GT e Smart Brabus. O mesmo acontecendo com a versão diesel, que recorre ao 1.5 dCi de 90, motor que na versão 1.5 Blue dCi que equipa o Mégane vê a potência subir de 90 cv para 115 cv.

Devido a serem pequenos e leves, os SUV do segmento os utilitários conseguem que os seus motores a gasolina se aproximem bastante dos diesel. Basta ver, por exemplo, que o Captur consegue os mesmos 171 km/h e 13,1 segundos de 0-100 km/h, não se afastando muito nos consumos, com a versão a gasolina a anunciar 6,2 litros de média, apenas mais 0,9 litros do que a motorização a gasóleo.

Esta diferença reduzida nos consumos torna quase impossível recuperar – na vida útil do modelo – o diferencial de preço que os separa no momento da compra. Já com os dados relativos à norma WLTP, o Captur com 90 cv a gasolina é proposto a partir de 18.605€, menos 5.115€ do que a versão diesel com a mesma potência. Isto obriga o comprador a percorrer 233.000 km antes de recuperar o investimento inicial.

A oferta vai mesmo aumentar?

A resposta é sim. Hoje já estão disponíveis no mercado vários SUV deste segmento, com praticamente todos os construtores a fazerem questão de estar presentes num dos sectores do mercado que mais cresce. Porém, 2019 vai ser um ano de muitas novidades neste domínio.

Considerando exclusivamente os SUV com menos de 4,3 metros de comprimento, já existem no mercado 13 veículos, oriundos de 12 construtores diferentes. Se acha muito, então prepare-se, pois em 2019 há mais três marcas que passam a fazer-se representar e, para cúmulo, três dos modelos mais importantes da actualidade vão surgir completamente remodelados e com uma nova geração. Veja na fotogaleria o que já existe e o que vem aí.