O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, negou esta quarta-feira a possibilidade de o Brasil fechar a Embaixada da Palestina no país, uma promessa feita pelo Chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, durante a sua campanha eleitoral.

Segundo a imprensa brasileira, quando questionado acerca de um possível encerramento da embaixada, Mourão descartou o cenário e falou em “retórica e ilação”. “Nada disso. Os dois Estados são reconhecidos, tudo o resto é retórica e ilação. (…) Aguardem os atos”, afirmou Mourão, que assumiu interinamente a Presidência do Brasil devido à viagem de Bolsonaro a Davos, na Suíça, para o Fórum Económico Mundial.

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro afirmou que, caso fosse eleito, acabaria com a representação palestiniana no país. Para o ex-capitão do exército, a embaixada não pode existir na capital brasileira porque “a Palestina não é um país”.

“A Palestina, não sendo país, não teria embaixada aqui. (…) Senão daqui a pouco vamos ter uma representação das Farc aqui também”, afirmou Bolsonaro, segundo a imprensa brasileira, referindo-se às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

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No entanto, o Brasil reconhece a Palestina como um Estado desde 2010, mesmo antes do reconhecimento da ONU (Organização das Nações Unidas), que surgiu em 2012, através do título de Estado Observador. A esta questão, soma-se ainda o facto de Bolsonaro ter manifestado várias vezes a sua vontade de mudar a embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém.

“Quem decide a capital de Israel é o Estado de Israel. O Brasil mudou a capital do Rio de Janeiro para Brasília e houve algum problema? Quem decide somos nós. (…) A imprensa vem dizer que faço trapalhadas internacionais, mas fui muito bem recebido por todos os países”, disse o agora chefe de Estado, em novembro do ano passado, ainda antes de ser empossado no cargo.

A questão da localização das embaixadas em Israel é particularmente sensível. O Estado judeu considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital, enquanto os palestinianos aspiram tornar Jerusalém Oriental a capital do seu Estado.

Para a comunidade internacional, o estatuto de Jerusalém deve ser negociado por ambos os lados e as embaixadas não se devem estabelecer na cidade até que seja alcançado um acordo. O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, rompeu, em dezembro de 2017, com décadas de diplomacia norte-americana, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel.