O Presidente dos Estados Unidos anunciou, esta quarta-feira à noite, que não vai fazer o discurso do estado da União enquanto decorrer a paralisação parcial do governo.

“Farei o discurso quando o ‘shutdown’ (paralisação) terminar”, escreveu Donald Trump na sua conta oficial da rede social Twitter, assegurando que não está à procura “de um local alternativo para discursar”.

A líder da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, no início do ano, enviou uma carta a Donald Trump, aconselhando-o a desistir de fazer o tradicional discurso do estado da União no Congresso, marcado para a próxima terça-feira, dia 29 de janeiro, invocando questões de segurança, pelo facto de a paralisação parcial do governo estar a afetar o normal funcionamento dos serviços secretos.

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Nancy Pelosi tinha sugerido que o presidente fizesse o discurso a partir da sala oval da Casa Branca, ou que divulgasse o texto por escrito.

EUA.Trump planeia fazer discurso do Estado da União. Pelosi não o permite

Contudo, no ‘Tweet’ agora divulgado o presidente norte-americano assumiu mesmo que só discursará no Congresso pois “não há local que possa competir com a sua história, tradição e importância”.

A decisão de Donald Trump contrasta com as declarações de quarta-feira, durante o dia, da porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, que afirmou não haver há razões para desistências ou alterações naquele que é um importante momento anual de comunicação do presidente com os norte-americanos, recordando que o departamento de Segurança Interna já afirmou que “os serviços secretos estão totalmente preparados”.

Há 32 dias que decorre a paralisação de várias agências federais que estão a deixar mais de 800 mil funcionários públicos sem salário. Numa tentativa de desbloquear o ‘shutdown’, Donald Trump propôs alargar a proteção aos jovens imigrantes ilegais que entraram no país quando crianças, em troca de 5,7 mil milhões de dólares para construir o muro, mas os democratas rejeitaram a proposta.

À espera de um milagre (e de um salário) no shutdown de Trump

Se nada for acordado, entre o Congresso e a Casa Branca, na próxima sexta-feira, os 800 mil funcionários perderão o seu segundo salário (que nos EUA é quinzenal). Mas Lara Trump, filha do presidente dos EUA, pediu,  segundo o Washington Post, que os trabalhadores “permaneçam fortes” e acrescentou: “Estão a sacrificar-se pelo futuro do nosso país”.

É um pouco doloroso, mas será para o futuro do nosso país, para os vossos filhos e netos, e para as gerações seguintes, eles agradecerão pelo sacrifício de agora. Sei que é difícil. Eu sei que as pessoas têm famílias, têm contas para pagar, hipotecas, alugueis que são devidos. Mas o presidente está a tentar chegar, todos os dias, a uma boa solução e, na realidade, tem sido algo que já dura há muito tempo e não foi abordado — o nosso problema de imigração”, disse Lara Trump.

As polémicas declarações não foram vistas com bons olhos por muitos norte-americanos, acusando a filha do presidente dos EUA de estar a desvalorizar os trabalhadores. Esta veio esclarecer que as suas palavras tinham sido mal interpretadas e que aquilo que foi transmitido não passava de fake news (notícias falsas).