O ministro da Economia britânico, Philip Hammond, disse esta sexta-feira que sair da União Europeia (UE) sem acordo bilateral não cumpriria o resultado do referendo de 2016, que deu a vitória ao ‘Brexit’.

Uma saída não negociada em 29 de março causará “transtornos muito significativos a curto prazo e um importante golpe na economia a médio e longo prazos” e “não é pelo que as pessoas votaram“, declarou Hammond à BBC Radio 4 a partir do Foro Económico de Davos, que decorre na Suíça.

O ministro, que pertence ao setor pró-europeu do Governo, recordou que durante a campanha prévia ao referendo os partidários da saída asseguraram que o Reino Unido obteria um pacto com o bloco.

Garantiram também que “esse acordo protegeria o emprego e a prosperidade e que a saída seria suave e ordenada, para uma nova relação com a União Europeia“, acrescentou o ministro. “Está absolutamente claro que, se não conseguirmos um acordo, isto não vai ser assim”, declarou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Hammond insistiu em que o dever do Governo da primeira-ministra, a conservadora Theresa May, é dar aos britânicos “o que acreditam que lhes foi prometido no referendo”, no qual ganhou a saída do bloco por 52% dos votos contra 48%.

O denominado chanceler do Exchequer apoiou mesmo assim as palavras “sábias” da rainha Isabel II, que, num discurso na quinta-feira perante uma associação feminina, instou a encontrar “terreno comum e “respeitar os diferentes pontos de vista”, o que foi interpretado como uma mensagem para a próxima votação do ‘Brexit’.

Em alusão ao Brexit Isabel II pede que se encontrem “pontos de convergência”

Na terça-feira, a Câmara dos Comuns vota uma moção governamental “neutra” sobre a saída da UE, à qual os deputados de todos os partidos apresentaram numerosas emendas.

O resultado da votação determinará que vias no processo do ‘Brexit’ contam com maioria parlamentar, depois da ampla rejeição em 15 de janeiro do acordo proposto pela primeira-ministra.

A titular do Trabalho, Amber Rudd, confirmou na quinta-feira à noite no espaço “Newsnight” da BBC2 que pediu a May para permitir o voto livre aos ministros sobre as emendas parlamentares, pois a própria e outros colegas desejariam apoiar iniciativas para evitar um ‘Brexit’ sem acordo.

Contudo, Hammond considerou hoje que a votação de terça-feira não será tão crucial como se está a apresentar e antecipou que haverá mais oportunidades no futuro para influenciar o processo.