Nenhum construtor que tenha feito nome no mercado, enquanto fabricante de desportivos, modelos elegantes, rápidos e eficientes, se vai dedicar aos SUV, a menos que seja para garantir lucros e assegurar a sua própria sobrevivência. E assim foi, motivadas mais pela necessidade do que pela devoção, que a Porsche, Lamborghini e, em breve, a Ferrari, enveredaram pela concepção de Sport Utility Vehicles, modelos mais volumosos e substancialmente menos elegantes, cujo peso superior limita ainda o comportamento, apesar dos milagres realizados pelos técnicos, por exemplo na Lamborghini, no desenvolvimento do Urus.

Quase 95 anos separam estes dois modelos da Bugatti e se o actual Chiron é o mais reputado hiperdesportivo de estrada, o Type 35, de 1924, foi quem mais corridas venceu

É hoje evidente que os construtores de desportivos têm de produzir SUV para ser financeiramente viáveis (a Porsche faz hoje mais SUV do que desportivos), porque não só são mais baratos como menos sofisticados (a Lamborghini, que só recorre a motores V10 e V12 nos seus desportivos, monta um V8 biturbo no Urus, o mesmo da Audi e da Porsche). Pelo que foi com surpresa que a Bugatti defendeu exactamente o contrário.

Numa entrevista publicada na revista da marca, o presidente Stephan Winkelmann alinhou pela posição também defendida pela McLaren, que afirma que carros mais altos e pesados não é a sua “coisa”. Winkelmann, que antes esteve à frente da Lamborghini e da Audi Sport, afirmou que “apesar das especulações serem muitas e o timing apropriado, não vão existir SUV na Bugatti”. E depois, para não deixar dúvidas, concluiu: “um SUV não faria justiça à marca ou à sua história”.

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Se a porta dos SUV parece estar fechada, já o mesmo não acontece com as berlinas de luxo de quatro portas, outra das tradições da Bugatti no tempo do seu fundador Ettore. Ainda assim, no curto prazo, a marca francesa vai concentrar-se no Chiron e em versões especiais dele derivadas como o Divo, ou outras ainda mais radicais. E é fácil perceber porquê, uma vez que o Divo, com ligeiras alterações em relação ao Chiron (sobretudo estéticas), é proposto por 5 milhões de euros, exactamente o dobro do Chiron e apenas porque é construído em menor quantidade.

Se olharmos para trás, a marca criada por Ettore Bugatti em 1909, sempre se distinguiu pela elegância das linhas dos seus modelos (a eficácia dos chassis e motores também ajudava), sempre baixos, esguios e elegantes, com os SUV a não defenderem quaisquer destes valores. Veja aqui alguns dos modelos mais característicos da marca francesa.

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