O deputado do PSD José Matos Correia, que presidiu à comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), acusou a deputada bloquista Mariana Mortágua e também o ministro das Finanças, Mário Centeno, de terem mentido no plenário da Assembleia da República em que foram discutidas as recentes revelações sobre uma eventual gestão danosa dos fundos do banco público entre 2000 e 2015.

“O PS foi hoje dizer, como diz sempre, que o verdadeiro objetivo da direita era a privatização da Caixa. Mentira! E eles sabem que é mentira”, referindo-se às afirmações de Mário Centeno durante o debate na Assembleia da República. “Ele sabe que está a mentir”, disse o social-democrata sobre o ministro das Finanças. “Ele mente sabendo que está a mentir.”

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Em entrevista à TSF, transmitida na manhã desta sexta-feira, José Matos Correia, deixou duras críticas as seus antigos colegas da comissão de inquérito parlamentar à gestão da CGD. “Nunca me passou pela cabeça que o nível de mentira que ouvisse no parlamento atingisse o que atingiu hoje [quinta-feira]”, disse o deputado social-democrata. “Ouvi um conjunto de colegas meus, deputados, que mentiram sabendo que estavam a mentir apenas para branquearam a sua posição”, atirou.

Além do PS e o do Governo, o deputado do PSD apontou o dedo PCP e sobretudo ao Bloco de Esquerda (BE), referindo-se à atuação daqueles dois partidos durante a comissão de inquérito parlamentar à CGD. “Fiquei muito mal impressionado com a CPI a que presidi. Foi a primeira e será a última. Assisti, em direto, ao suicídio do BE e do PCP. O problema na comissão parlamentar de inquérito foi não criar ruturas na geringonça”, disse o deputado.

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José Matos Correia foi particularmente crítico de Mariana Mortágua, deputada do BE, que esta quinta-feira sublinhou na Assembleia da República: “Tenhamos a consciência que o passado da Caixa é Sócrates e é Vara, mas também é Espírito Santo e é BCP, é PSD e é CDS”.

Sobre esta e outras afirmações da deputada bloquista, José Matos Correia disse: “A Maria Mortágua tentou salvaguardar a posição do BE, quando o BE capitaneou ou esteve, pelo menos no mesmo plano do PS desde o início da comissão parlamentar de inquérito, a bloquear o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito”.

O deputado do PSD criticou ainda o facto de os deputados não terem tido acesso ao relatório da Ernst & Young que está a pôr em causa a gestão da CGD entre os anos 2000 e 2015.

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“Tem algum sentido que se peçam auditorias, que as auditorias sejam arrasadoras, sobretudo em determinados períodos — e é isso que preocupa o PS e os seus aliados — e depois estamos num jogo de espelhos em que há uma ex-deputada [Joana Amaral Dias, ex-Bloco de Esquerda] que vai a um programa televisivo dizer ‘eu tenho aqui um papel, eu tenho aqui um papel’, depois nos dias seguintes toda a gente publica o papel e os únicos que não têm direito ao papel somos nós, os deputados?”, questionou o deputado.

“O que faz mal à democracia não é o inexistente voyeurismo populista da direita,  que só existe na mente do senhor ministro das finanças. O que faz mal à democracia é isto, é as pessoas não terem direito a saber”, rematou José Matos Correia.