Rosa Grilo foi levada, na manhã desta sexta-feira, à casa do amante, António Joaquim, em Alverca, para colaborar em diligências da Polícia Judiciária (PJ), confirmou fonte da força policial ao Observador. Estas diligências — que a PJ nega terem-se tratado de uma reconstituição do crime — obrigaram à saída temporária da arguida do Estabelecimento Prisional de Tires, onde se encontra em prisão preventiva por suspeitas de ser a co-autora do homicídio do marido, o triatleta Luís Grilo.

A viúva esteve na casa do amante, em Alverca, mais precisamente, no quarto, apurou o Observador junto de fonte ligada ao processo. Lá explicou como retirou a arma de António Joaquim — que, na sua versão, foi usada por dois angolanos para matar o marido — e como, alegadamente, voltou a colocá-la no mesmo sítio sem que o amante se apercebesse. As diligências foram realizadas ao longo de toda a manhã, na companhia dos elementos da PJ e dos advogados, quer de Rosa Grilo que de António Joaquim, embora o arguido não tenha estado presente.

Na tese que defendeu perante a investigação e no primeiro interrogatório judicial interrogatório, em setembro (a de que Luís Grilo terá morrido às mãos de três homens — dois angolanos e um “branco” — que lhe invadiram a casa em busca de diamantes), Rosa Grilo andava assustada com as ameaças que marido andaria a receber, relacionadas com negócios de pedras preciosas. Por isso, roubou a arma da casa de António Félix Joaquim, sem que este soubesse. “Levei para casa… e dei ao Luís. Até lhe disse que era do António, porque ele conhecia o António”, explicou a suspeita à juíza de instrução, adiantando que, inicialmente, Luís não queria a arma, mas depois terão acabado por escondê-la na garagem.

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A viúva não conseguiu explicar se foi esta a arma usada pelos tais angolanos para matar o triatleta. Segundo Rosa Grilo, havia várias armas no momento em que o marido foi morto: as que os alegados homicidas traziam e a que a viúva teria roubado a António Félix Joaquim. Uma tese que nunca convenceu a PJ.

Os dois suspeitos do homicídio de Luís Grilo estão em prisão preventiva desde 29 de setembro — três dias depois de terem sido detidos por suspeitas de serem os autores do homicídio do triatleta. De acordo com a investigação da PJ, o triatleta terá sido morto a 15 de julho. No dia seguinte, a mulher comunicou o desaparecimento às autoridades, alegando que a vítima tinha saído para fazer um treino de bicicleta e não tinha regressado a casa. O corpo acabou por ser encontrado já no final de agosto, com sinais de grande violência, a mais de 100 quilómetros da aldeia onde o casal vivia.

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