Um comerciante luso-venezuelano de 23 anos foi detido pelas autoridades da Venezuela, no sul do país, que o acusam de estar envolvido em protestos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro. A detenção, indicaram à Lusa fontes da comunidade portuguesa local, ocorreu ao final do dia 23 de janeiro, no estado de Bolívar, no sul do país.

Nesse dia, segundo as mesmas fontes, o luso-venezuelano Sérgio Luís Aguiar Pereira, decidiu ir até ao seu negócio, um pequeno restaurante de hambúrgueres situado na via La Churuata da cidade de Puerto Ordáz, uma zona que foi paclo de encontro de manifestantes que contestam o Governo. De regresso, ao chegar a casa, foi intercetado por membros das forças de segurança, que o levaram à força.

O luso-venezuelano está detido na sede local da Direção Geral de Contra-Inteligência Militar (serviços secretos militares), à espera para ser levado a tribunal. Membros da comunidade portuguesa disseram à agência Lusa que estão preocupados pela detenção deste comerciante luso-venezuelano e pela possibilidade de outras pessoas, alheias às manifestações, serem detidas e “acusadas injustamente”.

Na última sexta-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou a oposição de promover violência no país e pediu às autoridades que os cidadãos envolvidos em atos de vandalismo sejam condenados a 20 anos de prisão.

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“Já há presos que vão ser julgados e pedi ao procurador-geral (Tareck William Saab) que seja muito cuidadoso na aplicação da máxima pena de 20 anos de prisão a quem for capturado na rua, incendiando, assaltando e fazendo atos de vandalismo, que são pagos em dólares”, disse.

Durante uma conferência de imprensa, no palácio presidencial de Miraflores, o Presidente da Venezuela acusou a “direita” venezuelana de promover violência no país e insistiu que os detidos vão ser julgados para que paguem pelas suas ações. “Vamos persegui-los, com a colaboração dos vizinhos, e metê-los na cadeira, para garantir a paz”, disse.

Dados do Fórum Penal Venezuelano (FPV) dão conta que “369 pessoas foram detidas” na Venezuela, entre 21 e 24 de janeiro de 2019, durante manifestações antigovernamentais.

As detenções tiveram lugar no distrito capital e nos estados venezuelanos de Bolívar, Monágas, Nova Esparta, Vargas, Barinas, Zúlia, Táchira, Miranda e Arágua, entre outros. Os detidos são acusados, segundo aquela organização não-governamental, de delitos de terrorismo, instigação ao ódio, alteração da ordem pública e desacato à autoridade, entre outros.

Fontes não oficiais estimam que mais de 400 pessoas terão sido detidos na Venezuela, nos últimos dias, durante protestos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro. Segundo o Observatório Venezuelano de Conflitualidade Social, 29 pessoas faleceram na Venezuela, no âmbito dos protestos, entre eles um menor de idade e duas vítimas do sexo masculino.

Os dados sobre as vítimas mortais começaram a ser registados desde 22 de janeiro, um dia antes do líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino da Venezuela.