A tecnologia tem destas coisas. A Tesla efectivamente produziu um sistema de ajuda à condução que dá azo a abusos. Os clientes são avisados que o Autopilot pretende ser apenas uma solução para incrementar a segurança e permitir uma condução mais relaxada, sobretudo em auto-estrada, mas continuam a registar-se casos em que os condutores, confiando tanto no sistema, se ferram a dormir e entregam a condução a um dispositivo que não foi concebido para circular sem a supervisão do condutor.

O Autopilot é o melhor dos sistemas de ajuda ao condutor, sendo que cada vez há mais a proporcionar uma comodidade similar, ainda que não tão eficiente. Mas o sistema da Tesla, à semelhança de todos os outros, pode ser enganado, convencendo-o que o condutor está atento à condução, quando na realidade se entregou aos braços de Morfeu. E há várias formas de enganar o sistema – o da Tesla e os outros –, desde peças que se vendem especificamente para essa finalidade, a soluções mais caseiras, que consistem em prender uma laranja no volante, ou duas garrafas de água ligadas por um cordel. Tudo para aplicar uma força no volante, que o sistema interpreta como sendo a mão do condutor.

O Autopilot pode lidar com 70% ou 80% das situações que lhe aparecem pela frente, mas o problema são as outras, que vão deste obras na via, informação a que o sistema não tem acesso, a um carro avariado e parado na faixa de rodagem em que circulamos. Nesses casos, e noutros, o embate é quase certo e por responsabilidade (ou melhor, irresponsabilidade) exclusiva do condutor.

Um dos mais recentes exemplos deste tipo de abuso, perigoso e injustificado, é-nos dado por um condutor já de uma certa idade que, na via rápida em direcção a Las Vegas, decidiu ‘passar pelas brasas’, entregando o veículo a si mesmo. Tanto quanto sabemos, tudo correu bem e o Tesla não embateu em nada nem em ninguém, mas a “aventura” poderia ter tido um desfecho diferente e alguém poderia ter ficado ferido.

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