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O sorriso de Óliver, o protagonista principal que queria tudo menos protagonismo (a crónica do FC Porto-Belenenses)

Este artigo tem mais de 5 anos

Teve 13 ações defensivas, iniciou jogadas, fez uma assistência, quase marcou. Não sendo o melhor em campo, Óliver Torres teve a melhor reação na vitória do FC Porto frente ao Belenenses (3-0).

Óliver Torres fez a festa com Corona e Brahimi, que construíram o primeiro golo do FC Porto frente ao Belenenses
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Óliver Torres fez a festa com Corona e Brahimi, que construíram o primeiro golo do FC Porto frente ao Belenenses

AFP/Getty Images

Óliver Torres fez a festa com Corona e Brahimi, que construíram o primeiro golo do FC Porto frente ao Belenenses

AFP/Getty Images

“Ontem foi um dia muito triste para nós, talvez um pouco mais para mim. No futebol, como na vida, estas coisas acontecem. Ninguém disse que era fácil. Tento aprender com os meus erros e melhorar todos os dias. Para mim, desistir não é opção. Cair é permitido, mas levantar é obrigação. Por isso, não há segredo, só mais trabalho, humildade e muita perseverança. Ainda há muito a conquistar! Agradeço-vos a todos, de coração, as vossas mensagens de apoio, demonstrais a grandeza deste mar azul.”

FC Porto vence Belenenses por 3-0 e mantém vantagem de cinco pontos antes do dérbi lisboeta

Há um adversário invisível para qualquer jogador ou equipa que tão depressa pode golear como pode ser goleado. Um adversário que não tem tática própria mas pode provocar a anarquia nos outros. Um adversário de uma palavra só em forma de ideia: o “se”. Porque se Óliver Torres não tivesse tentado cortar aquela bola na área sem reparar que Diaby já tinha esticado esticado a perna para ir ao lance, dificilmente o FC Porto teria deixado fugir a Taça da Liga. Porque se não fosse aquela grande penalidade ao cair do pano, dificilmente o Sporting conseguiria ter feito um remate enquadrado na segunda parte. O “se” tornou-se um adversário na cabeça do médio espanhol e a mensagem supracitada que deixou depois da derrota mostrava isso mesmo.

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“Não gosto nada dessas coisas porque quando perdemos, perdemos todos. Naquele pontapé do Óliver, em que estava totalmente focado na bola, estava a equipa toda, foi o que eu disse ao Óliver e é o que digo sempre. É um erro que qualquer um pode cometer, não tinha de se vir manifestar em público para justificar algo que não tem nada de justificar”, argumentou Sérgio Conceição no lançamento da receção ao Belenenses a esse propósito, numa conferência marcada ainda pela reação que teve após esse desaire com os leões. “Claro que tenho mau perder, o FC Porto contratou-me para ter mau perder, para querer ganhar, não para ter um sorriso grande quando se perde, não para não estar frustrado ou triste. Estranho era se ficasse satisfeito por perder”, acrescentou. E é por tomadas de decisão como a que teve esta noite que o técnico fica mais perto das vitórias.

Óliver Torres iniciou jogada do segundo golo, fez assistência para o terceiro e teve 13 ações defensivas (MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

Frente a um Belenenses que, mesmo perdendo os três encontros frente ao FC Porto na presente temporada, conseguiu sempre dar uma boa resistência, ainda para mais num campo mais pesado devido à chuva que foi caindo ao longo do dia, a colocação de Danilo Pereira no onze parecia inevitável. E, por todo o contexto, fazia sentido. Sérgio Conceição pensou de outra forma e quis manter Óliver Torres na equipa inicial. Provavelmente por questões técnicas e táticas mas com um outro resultado paralelo: não deixou cair um jogador que se tinha “crucificado” pelo último resultado. O espanhol não fez o melhor jogo da temporada mas fez. Bem ou mal, fez. Tão depressa se destacou com o passe que inicia o lance do segundo golo ou com a assistência para o terceiro como falhou em solicitações para o movimento de rutura de Marega ou interceções quando o Belenenses saía em transição. Fez o que conseguiu numa noite que não era a sua mas que tentou reivindicar para si em nome de uma equipa.

Ficha de jogo

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FC Porto-Belenenses, 3-0

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

FC Porto: Casillas; Éder Militão (Manafá, 80′), Felipe, Pepe, Alex Telles; Herrera, Óliver Torres; Corona (Otávio, 70′), Brahimi; Marega e Soares (Fernando Andrade, 78′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Danilo, Hernâni e André Pereira

Treinador: Sérgio Conceição

Belenenses: Muriel; Diogo Viana (Calila, 74′), Sasso, Gonçalo Silva, Clylton, Zakarya; André Santos, Eduardo (Ljulic, 78′); Dálcio, Licá (Kikas, 84′) e Henrique

Suplentes não utilizados: Guilherme, Nuno Tomás, Sagna e Reinildo

Treinador: Silas

Golos: Brahimi (5′), Éder Militão (29′) e Soares (71′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zakarya (50′), Corona (59′) e Dálcio (76′); cartão vermelho direto a Gonçalo Silva (85′); Silas expulso do banco (59′)

Foi nos corredores laterais que o FC Porto encontrou a forma de “desembrulhar um embrulho que não era fácil”, como tinha sido descrito por Sérgio Conceição. Corona foi o melhor em campo na direita, Alex Telles conseguiu fazer de novo a diferença pela esquerda, Brahimi confirmou a recente veia goleadora no Dragão com os movimentos a começar sempre do flanco para dentro. Mas foi no centro que andou o protagonista principal que queria tudo menos protagonismo no dia em que fez tudo para ser protagonista. Como aconteceu aos 65′, com o encontro controlado pelos dragões, quando surgiu isolado na área descaído na esquerda, ficou sem ângulo, viu o remate ser travado por Muriel e reagiu com um pontapé de raiva nos painéis publicitários. Ou como aconteceu aos 71′, quando quase se alheou dos festejos da equipa após assistir Soares para o 3-0. Ou como aconteceu aos 90′, quando se encheu de fé numa segunda bola mas viu o remate forte sair muito por cima.

Com o regresso de Casillas à baliza e Soares no lugar de André Pereira ao lado de Marega, o FC Porto teve uma entrada forte e demorou apenas cinco minutos até inaugurar o marcador, na primeira abordagem ofensiva com sentido: no seguimento de uma pressão mais alta bem feita e a tapar todos os espaços, Corona aproveitou um erro de Sasso na saída, avançou até à linha de fundo e cruzou rasteiro atrasado para Brahimi encostar para o primeiro golo. O Belenenses acabou por ser castigado pela ideia às vezes demasiado romântica como encara a saída de bola, da mesma forma como tem sido compensado ao longo de um Campeonato onde continua a ser uma das boas surpresas por essa ideia. E essa entrada em falso só não teve outros reflexos porque Muriel foi travando as tentativas de Soares, antes de Licá deixar o primeiro sinal de perigo junto da baliza de Casillas.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do FC Porto-Belenenses em vídeo]

O FC Porto controlava mas nem por isso tinha o jogo seguro, pela capacidade que os visitantes iam mostrando para esticar o jogo até ao último terço a nível de aproximações. E essa maior segurança acabou por surgir num lance de laboratório, o mesmo que Sérgio Conceição tinha salientado quando tentava dar explicações para mais uma derrota nos penáltis na final da Taça da Liga: um livre no corredor central fez circular a bola até à esquerda com um grande passe de Óliver, Alex Telles cruzou de forma milimétrica e Éder Militão desviou de cabeça para o 2-0, quando se estava a atingir a meia hora de jogo. Os azuis do Restelo esboçaram uma reação, Casillas teve de fazer duas intervenções mais apertadas mas a vantagem seguiria até ao intervalo.

No segundo tempo, onde houve de quando em vez alguma quebra física em jogadores importantes dos dragões nas zonas de pressão mais altas, o FC Porto podia ter alargado ainda mais a vantagem por Marega e o Belenenses podia ter reentrado no jogo com um remate de Henrique que passou a centímetros do poste de Casillas mas seria Óliver, já depois de ter ficado próximo do golo de ângulo apertado na área, a assistir Soares para o 3-0 final aos 71′, com um cruzamento milimétrico para a cabeça do brasileiro que já bateu os registos da melhor temporada desde que chegou ao Dragão. Corona e Brahimi foram os grandes desequilibradores portistas numa noite com pouco público no Dragão (a chover numa quarta-feira às 21h15 também não é coisa que ajude muito) mas o protagonista principal, aquele que não queria ter qualquer protagonismo no contexto em que os azuis e brancos chegaram a este encontro, acabou por ser Óliver, o fantasista que se mostra cada vez mais como um médio centro completo e que voltou a brilhar noutros aspetos que não eram habituais como as 13 ações defensivas que teve no encontro. No final, o espanhol voltou a sorrir. Ele e a equipa. A mesma equipa que não perde há 24 encontros consecutivos.

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