A Ferrari, mítica marca italiana de superdesportivos, está bem ciente dos valores que atingem alguns dos seus modelos mais antigos ou produzidos em edições limitadas. Juntando as palavras à acção, o fabricante de Maranello está atento à produção de réplicas dos seus modelos, não hesitando em processar os envolvidos sempre que descobre uma cópia no mercado. Um dentista brasileiro de 31 anos está, neste momento, a braços com a justiça justamente por isso.

Vitor Estevan, assim se chama o acusado, é fã do Cavallino Rampante desde criança. A paixão não esmoreceu com a idade e terá levado o dentista, morador no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, a deitar mãos à obra e a fazer, ele próprio, o seu Ferrari. Dentista por profissão, ferrarista por paixão, Vitor decidiu-se por uma imitação do F40, modelo que foi a sensação nos finais de 80 (surgiu originalmente em 1987), envergando um V8 2.9 biturbo de 478 cv, que o impulsionava de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos.

O trabalho consumiu-lhe 14 meses. Durante mais de um ano, o brasileiro entreteve-se a reunir e a montar as peças que precisava para o seu bólide, tendo adquirido algumas delas em leilões de veículos acidentados. O motor e a mecânica são de carros de marcas diversas, com o dentista a alegar que as peças estruturais foi ele próprio que as fez. Segundo ele, um assalto ao seu consultório em 2018 deixou-o em dificuldades financeiras, pois todo o equipamento foi roubado e ele ficou sem ter ferramentas de trabalho. Diz que ou vendia o consultório ou vendia o carro, ainda inacabado. E foi por ter optado pela segunda alternativa que a Ferrari o apanhou.

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Um anúncio online, entretanto retirado, publicitava que a viatura estava à venda por 80 mil reais (cerca de 19 mil euros). Mal caiu no “radar” do construtor de Maranello, a Ferrari tratou de tomar providências com mão de ferro.

A réplica foi apreendida pela polícia brasileira e aguarda perícia, com a marca italiana a exigir a destruição completa do carro e a acusar o dentista de violar propriedade intelectual da empresa, no caso o design, visando o lucro. Recorde-se que a produção do F40 cessou em 1992, depois de produzidas apenas 1.311 unidades.

A polícia tem agora até dia 12 de Fevereiro para concluir o inquérito, cujo desfecho pode deixar Estevan (também) sem carro, depois de já ter perdido o consultório.

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