A cerimónia de exumação e recolha de amostras dos restos mortais do líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi, realizou-se esta quinta-feira no Luena, província do Moxico, disse à Lusa fonte do partido.

A informação foi avançada à agência Lusa pelo porta-voz do maior partido da oposição angolano, Alcides Sakala.

Alcides Sakala referiu que o ato teve lugar na manhã desta quinta-feira na presença de uma delegação da UNITA e do Governo.

Segundo Alcides Sakala, realizou-se a exumação e a recolha das amostras para o exame de DNA, a ser feita por técnicos portugueses, sul-africanos e angolanos, nos respetivos países.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Penso que a partir de agora os técnicos vão começar a trabalhar e vamos ver a evolução desse processo”, salientou o porta-voz da UNITA, acrescentando que não há ainda uma previsão para a divulgação dos resultados.

No ato participaram da parte da UNITA, o coordenador da comissão organizadora das exéquias de Jonas Savimvi, Joaquim Ernesto Mulato, Rafael Massanga Savimbi, Durão Savimbi e Kanganjo Savimbi, filhos do primeiro presidente do partido, um sobrinho, o porta-voz do partido e deputado Maurílio Luiele.

Da parte governamental, avançou Alcides Sakala, esteve presente uma delegação bastante vasta, chefiada pelo general Cequeira, ligado à Casa Militar do Presidente da República.

Jonas Savimbi foi morto em combate no dia 22 de fevereiro de 2002 e os seus restos mortais foram sepultados no cemitério de Luena, capital do Moxico.

Recolha das amostras para o exame de DNA

A delegação multidisciplinar integra membros da direção da UNITA, familiares de Savimbi e representantes da comissão de trabalho para a exumação do corpo do antigo líder do partido, composta também por um médico legista, um inspetor da Direção Geral de Saúde e representantes da Genética de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, além de técnicos forenses.

O secretário para Comunicação adiantou que os testes de ADN vão ser feitos em laboratórios em Angola, África do Sul e Portugal, e devem ficar prontos num período de 15 a 20 dias.

Os familiares de Jonas Savimbi pretendiam que os exames de ADN fossem feitos em laboratórios de França, mas o Governo sugeriu que fossem feitos em Angola e Portugal.

Terça-feira, o vice-presidente da UNITA, Raul Danda, indicou à agência Lusa que as cerimónias fúnebres de Savimbi deverão acontecer na primeira semana de abril, enquanto prossegue o diálogo com o Governo angolano relativamente aos procedimentos e às datas concretas de exumação e inumação dos restos mortais.

“Tudo aponta para abril, para a primeira semana de abril, para que isto ocorra”, disse o vice-presidente da UNITA.

Segundo o dirigente do partido do “Galo Negro”, o ato de exumação dos restos mortais de Savimbi, que permanecem, segundo o Governo angolano, no cemitério do Luena, será ainda realizado o exame de ADN, até porque, recordou, o partido, como tem “reiteradas vezes” afirmado, quer “receber o corpo de Jonas Savimbi e não um outro qualquer”.

“Vão fazer-se os procedimentos para que o corpo nos seja entregue, ao mesmo tempo que o Governo cuida das questões para assegurar que temos condições de segurança para podermos fazer a inumação em Lopitanga, no Bié, onde o resto da família repousa e onde, por vontade do Dr. Savimbi, também irá repousar”, salientou.

Relativamente às honras de Estado recusadas pelo Governo angolano, Raul Danda disse que o partido nunca as solicitou aos governos do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos ou ao atual, de João Lourenço.

O Governo garantiu no início deste mês estarem criadas as condições para a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, mas avisou que o funeral não terá honras de Estado, uma vez que o antigo presidente da UNITA “não pertencia à família governamental quando faleceu”.

“Consideramos que o Dr. Savimbi não cabe só na UNITA, em Angola, na região austral de África. O Dr. Savimbi cabe na África inteira e no mundo”, considerou o vice-presidente da organização política, lamentando que a recusa tenha vindo da parte do Governo, que deve primar pela reconciliação nacional e inclusão dos angolanos.

“Se calhar viria o próprio executivo, primeiro, para dizer que, em nome da reconciliação nacional, em reconhecimento que este homem, ao nível de Agostinho Neto e Holden Roberto, deu tudo para que este país fosse uma República, fosse uma pátria independente, uma nação independente. Devia ser o executivo a propor que houvesse essas honras, porque, de facto, o Dr. Savimbi merece”, disse.

Contudo, garantiu que a UNITA tem a certeza que Savimbi receberá “todas as honras que merece, dadas por milhões de angolanos e até por estrangeiros que hão de reconhecer o trabalho que fez”.