O governo chinês afirmou esta sexta-feira que mantém “contactos estreitos com todas as partes” envolvidas na crise política na Venezuela, alterando assim a posição manifestada, na semana passada, quando vincou o seu apoio a Nicolas Maduro.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse que a China “está pronta para trabalhar com todas as partes” e que a cooperação entre os dois países “não deve ser afetada pelo desenvolvimento da situação”. “Mantemos contactos estreitos com todas as partes através de vários canais”, revelou.

Gostaríamos de ir na mesma direção com todas as partes, facilitar as negociações de paz, e garantir que os esforços para criar condições adequadas para a resolução adequada do problema” têm sucesso, acrescentou o porta-voz.

Questionado sobre a possibilidade de uma mudança de governo na Venezuela afetar o reembolso da dívida de Caracas a Pequim, avaliada em várias dezenas de milhares de milhões de dólares, o porta-voz afirmou que “a China vai continuar a defender os princípios da igualdade, benefício mútuo e prosperidade comum, para melhorar a cooperação e comunicação com a Venezuela em todas as áreas “.

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Na semana passada, a China expressou o seu apoio ao governo venezuelano liderado por Nicolas Maduro e lamentou a “intromissão nos assuntos internos” do país pelos Estados Unidos, depois de Washington ter reconhecido o líder provisório autoproclamado, Juan Guaidó.

Na altura, a porta-voz da diplomacia chinesa lembrou que “em 10 de janeiro, a China, e muitos outros países e organizações internacionais, enviaram representantes à cerimónia de posse do Presidente”, referindo-se a Maduro.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.