O Governo defendeu esta sexta-feira que as responsabilidades devem ser “apuradas” para que “os erros não sejam repetidos” na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), recusando ainda assim que a polémica prejudique a imagem do país.

“O que é importante é que as responsabilidades sejam apuradas e, sobretudo, os erros não sejam repetidos”, declarou esta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, falando em Bucareste, na Roménia, no final de uma reunião informal com outros homólogos da União Europeia (UE).

E que também nós não sejamos ingénuos e não confundamos o necessário apuramento de responsabilidades com iniciativas involuntárias ou não cujo objeto e cujo resultado, querido ou não, é retirar valor aos ativos portugueses e, em particular, ao único banco que é integralmente detido por Portugal, que é a CGD”, sublinhou o governante.

Questionado se a polémica em torno da Caixa prejudica a imagem do país, em termos económicos, Santos Silva vincou: “Não, de modo nenhum”. Todos nós sabemos que um dos aspetos mais negativos da crise internacional de 2008 e da crise europeia de 2010 foi o facto de termos identificado práticas muito negativas e algumas, aliás, de natureza criminal ou, pelo menos, de irregularidades administrativas, que um pouco por todo o mundo desenvolvido a banca comercial se habituou a fazer”, observou o também professor universitário de Economia.

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O governante adiantou que “isso é um problema de Portugal, como da Dinamarca, da Itália, dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Holanda”.

“Tocou a todos”, assinalou.

A administração de Paulo Macedo na CGD cumpre hoje dois anos em funções, no dia em que a Caixa deverá apresentar lucros pelo segundo ano consecutivo, quando o banco está envolto numa polémica devido à auditoria que revelou créditos ruinosos.

A versão preliminar da auditoria, datada de dezembro de 2017, foi divulgada na semana passada e fez estalar a polémica devido à concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco da CGD.

Uma nova comissão parlamentar de inquérito à CGD deve agora avançar, depois de o CDS-PP ter negociado com PS, BE e PSD um texto comum de proposta.

A auditoria avaliou sete operações de crédito com risco grave ou elevado e, só nestas, estimou perdas de mais de mil milhões de euros, estando à cabeça as operações de financiamento da fábrica da La Seda, em Sines.