A Land Rover não está a atravessar uma das suas melhores fases e há, pelo menos, duas explicações para isso. Por um lado, o facto de ter a sua gama de produtos ancorada numa oferta de motorizações maioritariamente diesel levou a uma queda nas vendas, devido à crescente migração de condutores para blocos a gasolina. Por outro, a incerteza associada ao Brexit em nada tem ajudado o construtor britânico. Neste quadro, os cortes têm-se sucedido, como parte da estratégia delineada para recuperar o fabricante. A redução de custos não se fica apenas por despedimentos, pois também o portefólio de produtos estará a ser revisto. Uma das vítimas é o Range Rover SV Coupé, condenado à morte antes mesmo de nascer.

Range Rover SV Coupé. E agora, só com duas portas

Apresentado na edição do ano passado no Salão de Genebra, o estatutário SUV teria por missão levar a Range Rover de volta às suas raízes, retomando o conceito das duas portas inaugurado pelo fabricante britânico na década de 60. Mas mais do que esse apelo histórico, o interesse deste projecto residia no facto de permitir à marca afrontar outros dois construtores ingleses, a Rolls-Royce e a Bentley. Cullinan e Bentayga, respectivamente, seriam os adversários do novo SV Coupé, que procuraria compensar o défice de pedigree face aos seus rivais sendo produzido numa edição limitada a apenas 999 unidades, produzidas pela divisão de veículos especiais (SVO- Special Vehicle Operations) da Jaguar Land Rover (JLR). Não vai acontecer.

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Tomámos a difícil decisão de informar os nossos clientes que o Range Rover SV Coupé não entrará em produção . Em vez disso, a Land Rover vai concentrar recursos e investimentos na próxima geração de produtos globais”, confirmaram funcionários da marca à Autocar.

Jaguar Land Rover já tem plano para recuperar

A produção do Range Rover SV Coupé deveria arrancar nos primeiros meses de 2019. Contudo, como o Brexit levou a Land Rover a reduzir parte da sua força de trabalho, a marca prefere satisfazer a procura de modelos mais rentáveis. Sim, porque produzir um SUV de nicho e muito exclusivo é sinónimo de uma enorme componente artesanal e, logo, de despesas muito mais elevadas.

Recorde-se que o ‘isolamento’ do Reino Unido pode levar à morte de mais modelos. Admite-se mesmo que num cenário de Brexit sem acordo, a JLR venha a deslocar boa parte da produção. Certo é que não é a única marca automóvel a equacionar essa hipótese, a fim de evitar avultados prejuízos.