O Urban Sports Club é um “modelo agregador de desportos a que as pessoas podem aceder com uma só mensalidade”, conta ao Observador Torsten Müller, responsável de comunicação da empresa. Mas o mesmo Müller consegue explicar o conceito de uma forma mais prática: “É como o Netflix, só que para ginásios”. Ou seja, é um plano mensal que permite que uma pessoa possa ir a vários ginásios e academias sem ter de estar vinculado a uma cadeia só.

O conceito não é novo em Portugal e já estava a ser feito pela Flexpass, uma startup fundada em Lisboa por Patricia Adrover, em 2017. Em vez de querer competir com o negócio já existente, a Urban Sports Club, que já está na Alemanha, em França e Itália, comprou a startup e integrou a equipa para continuar com a ideia. A entrada oficial da empresa no mercado português começou em janeiro e já conta com espaços desportivos na capital como o XXI Crossfit, o Rackets Pro Clube ou a escola de Kickboxing Arena Fight Club.

Íamos ser um concorrente da Flexpass. Por isso, adquirimos a equipa toda. Isso fez mais sentido, trabalhar com alguém que já está ativo”, conta Torsten Müller.

Mas como é que funciona? Na prática, o Urban Sports Club pega na ideia já implementada em grupos como o Fitness Hut ou o Holmes Places, em que com uma mensalidade é possível utilizar diferentes locais da mesma cadeia, e alarga-a a um conceito mais vasto. Com o Urban Sports Club, o subscritor pode não só ir a ginásios, como a academias de modalidades específica para praticar aulas de judo ou yoga.

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Para já, ainda só funciona na grande Lisboa, com ginásios e academias associadas que vão até Cascais ou Almada. A ideia continua a ser a mesma que os fundadores da empresa tinham: “Não estar geograficamente preso a um ginásio e poder ir a vários”. O objetivo a longo prazo é estender a mais cidades no país, mas como a empresa já está em vários países há outro objetivo: “Ser verdadeiramente europeu”.

Os planos de inscrição vão dos 59 aos 129 euros e para utilizar o serviço há uma app própria que ajuda a marcar aulas e espaços. A mais barata das subscrições, a “S”, tem até 33 locais disponíveis. Já a mais cara, a XL, tem até 36 locais associados, com a possibilidade de poder fazer desportos aquáticos, duas massagens mensais e treinos com estimulação elétrica (EMS). Todas as subscrições podem ser utilizadas em todas as cidades na Europa — já há dezenas associadas, principalmente na Alemanha — e podem ser canceladas com um mês de pré-aviso: “É mais fácil para as pessoas que estão sempre de um lado para o outro”.

A ideia que começou com uma espanhola e um irano-canadiano em Lisboa

Patricia é espanhola. Amir é irano-canadiano. Conheceram-se no Dubai, viviam em Amesterdão e escolheram Lisboa para fundarem startups.

A entrada da Urban Sports Club em Portugal faz parte do sucesso da ideia de negócio de Patricia Adrover. Tem 31 anos, nasceu em Maiorca, Espanha, mas foi no Dubai, que começou a pensar na Flexpass já acompanhada por Amir, o marido. O percurso de Amir é também internacional: nasceu no Irão, mas a família emigrou para o Canadá e trabalhou no Dubai. Também é empreendedor e é um dos fundadores da Virtuleap, uma empresa de realidade virtual. Porque é que foram para Lisboa? “Queríamos melhor qualidade de vida”.

Ao Observador, Patricia conta que começou a perceber a “startup scene” da capital portuguesa e achou que era a cidade ideal para implementar a ideia do “Netflix para ginásios” que tinha tido. A assumida atleta, apaixonada por ginásios, tinha o problema de não poder ir sempre ao mesmo e queria um modelo em que pagasse e pudesse frequentar espaços diferentes.

“Pensámos em fazer a startup em Amesterdão, no Dubai, em Londres e em Dublin”, assume. Mas com o que conhecia de Portugal e Lisboa, achou que o ecossistema para se criar startups “era o correto e as oportunidades que há no início, como as que existem aqui, depois não voltam a aparecer”. Arrumou malas e bagagens e em 2017 mudaram-se para Lisboa, perto de São Bento.

“Chegámos a ter 24 parceiros”, conta. O negócio começou “com cinco mil euros” e muito do trabalho era feito apenas com o portátil, sentada num café perto de casa. O que conseguiu com esta startup foi o suficiente para ser considerada uma “dor de cabeça” para a Urban Sports Club, quando esta decidiu entrar em Portugal. Solução? Da mesma forma que o Facebook comprou o Instagram ou a Google adquiriu o YouTube, a Flexpass foi comprada pela Urban Sports Club já quase no final de 2018. Agora, Patricia mantém-se a trabalhar com a empresa e ainda a viver em Portugal. Objetivo? Fazer crescer esta ideia de subscrição.

*Artigo atualizado a 4 de fevereiro, às 12h03. Patricia e Amir conheceram-se no Dubai, e não em Amesterdão (viveram na cidade holandesa um ano). Onde se lia iraniano, lê-se agora irano-canadiano. Amir afirma que não esteve envolvido na criação da startup. A fotografia do casal foi alterada.