Apesar de não terem alinhado com a sugestão de boicote que vários artistas pediram para o intervalo do Super Bowl, os Maroon 5 usaram o palco para enviar uma mensagem a Colin Kaepernick. À semelhança do que o quarterback fez quando quis protestar contra a brutalidade policial em 2016, o vocalista Adam Levine ajoelhou-se na zona central do palco. E cumpriu assim uma promessa de protesto que tinha deixado no ar.

Colin Kaepernick era quarterback dos San Francisco 49ers quando se ajoelhou enquanto se ouvia o hino norte-americano num jogo de pré-epoca frente aos Green Bay Packers. “Não me vou levantar e defender o orgulho por um país que oprime as pessoas de cor. Para mim, isso é maior do que o futebol e seria egoísta da minha parte olhar para o lado. Há cadáveres nas ruas”, explicou na altura. Colin Kaepernick repetiu o protesto em dois jogos da pré-época e, mais tarde, contra os San Diego Chargers. Depois disso, tornou-se num alvo da administração Trump e nunca mais foi contratado por nenhuma equipa.

Na sequência da polémica, Cardi B confirmou que recusou o convite para atuar no Super Bowl para mostrar solidariedade para com o atleta. Rihanna tomou a mesma atitude. Roger Waters, antigo membro dos Pink Floyd, repetiu o gesto de  Colin Kaepernick num concerto e partilhou o momento nas redes sociais no final da semana. E depois desafiou o artista que tocasse no intervalo do Super Bowl a fazer o mesmo quando estivesse em palco: “Os meus colegas Maroon 5, Travis Scott e Big Boi vão tocar durante o show do intervalo no Super Bowl no próximo domingo. Convido-os a ajoelharem-se no palco, à vista de todos”.

Kaepernick (ao centro) provocou controvérsia ao ajoelhar-se durante o hino

Os Maroon 5 já tinham dado pistas que tencionavam mostrar solidariedade com o quarterback e que aceitar a atuação no Super Bowl servia para dar palco a esse protesto. Quando o advogado do atleta os criticou por terem aceitado o convite da produção do espetáculo, Adam Levine respondeu: “Não estaria na profissão certa se não pudesse lidar com um pouco de controvérsia. É o que é. Nós esperávamos isto. Gostaríamos de seguir em frente e falar através da música”.

Foi o que fizeram este domingo. Enquanto tocava “Sugar” e mais tarde, ao interpretar “Moves Like Jagger”, Adam Levine seguiu o apelo de Roger Waters e ajoelhou-se perante o público. Mais tarde, numa mensagem de agradecimento aos fãs (e aos críticos também), o vocalista publicou uma lista de palavras que lhe vieram à mente quando a banda aceitou o convite para atuar no Super Bowl. Uma dessas palavras era “Kneel” ou, em português, “Ajoelhar-se”.

O momento tem sido ofuscado pelas críticas que lhe estão a ser feitas por ter ficado de tronco nu na reta final do espetáculo. Nas últimas canções do alinhamento, Adam Levine quis mostrar alguns dotes de dança e imitar os passos de Mick Jagger, mas a estratégia foi mal recebida pelos internautas, que recordam o dia em que a CBS censurou o peito descoberto de Janet Jackson por causa de um problema no uniforme que deixou um dos seus seios à mostra.

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