A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu esta terça-feira a Pequim algumas salvaguardas para garantir que as empresas chinesas não partilhem informações com o governo central, numa altura de grande desconfiança ocidental em relação aos comportamentos da Huawei.

Há um “grande debate” na Alemanha sobre o uso de equipamentos da Huawei, disse Merkel sobre a gigante de telecomunicações da China. A Huawei, fundada por um ex-engenheiro do exército chinês, Ren Zhengfei, é suspeita de estar a provocar problemas de segurança nacional em vários países, através do seu software de rede 5G que está a instalar em telemóveis da marca.

Angela Merkel, que falava aos alunos da Universidade de Keio, em Tóquio, onde se encontra desde segunda-feira numa visita oficial ao país, sublinhou que a Alemanha tem adotado uma abordagem cautelosa até agora em relação à Huawei, mostrando algum ceticismo diante da ideia de um boicote ao gigante chinês, já que, na opinião de Berlim, faltam evidências concretas de abusos por parte da empresa. Pequim “deve garantir que a empresa não transmite todos os dados ao estado chinês e [deve garantir] que existam salvaguardas”, disse.

A Austrália e a Nova Zelândia baniram as redes de Quinta Geração (5G) da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adotado a mesma medida. Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais.

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Durante a recente visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal, apesar de, também a União Europeia ter assumido “estar preocupada” com a empresa e com outras tecnológicas chinesas, devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança.

As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais elétricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como ativos estratégicos para a segurança nacional. “O assunto continuará a ser debatido, e isso também faz parte das nossas discussões com os Estados Unidos”, disse Merkel. O peso económico da China confere-lhe “maior responsabilidade de preservar uma ordem mundial pacífica”, acrescentou.

Na semana passada, o Departamento de Justiça dos EUA apresentou uma queixa criminal contra a Huawei, por violar sanções contra o Irão e por roubar segredos comerciais de uma empresa rival norte-americana, no âmbito de uma investigação que já levou o governo dos Estados Unidos a pedir ao Canadá a detenção da diretora financeira da empresa (e filha do fundador), Meng Wanzhou, quando esta transitou num aeroporto canadiano.

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