Balões de ar atados aos destroços ou uma grua montada num navio. São estas as duas hipóteses em cima da mesa para resgatar o avião em que seguia Emiliano Sala, o futebolista argentino que continua desaparecido na sequência da queda do aparelho no Canal da Mancha. Um submergível operado à distância (ROV) de uma agência de acidentes aéreos britânica já captou imagens do aparelho e de um corpo, mas ainda não se sabe se se trata de Sala ou do piloto do avião.

As dificuldades não são apenas técnicas. Ainda não há acordo sobre quem vai pagar a operação.

Vamos por partes. Do ponto de vista técnico, as autoridades britânicas não avançam com uma data para a conclusão dos trabalhos, mas já pensam em formas de chegar ao aparelho, que foi encontrado a 63 metros de profundidade.

O El Español avança alguns procedimentos que a Agência de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB) poderá seguir, mas é certo que o facto do avião estar partido complica as operações. A primeira opção será atar dois enormes balões de ar aos restos do avião, para fazê-los subir até à superfície. Já a segunda hipótese, um pouco mais complexa, consiste usar uma grua montada no convés de um navio para içar o Piper PA-46 Malibú até à superfície e trazê-lo para terra, onde se os especialistas acabariam por averiguar as causas da queda.

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A AAIB confirmou também que está a utilizar um veículo controlado remotamente (ROV) para ajudar no resgate do corpo, que pode ser de Sala ou de David Ibbotson, o piloto que transportava o jogador de França para o País de Gales (Sala ia jogar pelo Cardiff City, da Premier League inglesa). Segundo o Telegraph, a AAIB só pode operar o veículo por curtos períodos de tempo devido às marés, já que está previsto mau tempo, com rajadas de vento a atingir os 65 km/h e ondas de três metros. O mesmo jornal refere que é intenção das autoridades recuperar o avião assim que o corpo for resgatado.

Certo é que, seja qual for o procedimento usado, o resgate vai ser custoso e, por enquanto, ninguém parece interessado em financiá-lo. O El Español refere que a AAIB está em negociações com o Nantes, o Cardiff e com as companhias de seguros para que sejam estes a encarregar-se dos custos das operações, que são altos. Todos estes preferem não ter encargos enquanto não se apurarem as causas da queda do avião.

David Mearnes, chefe da equipa privada que assumiu o resgate depois de as entidades oficiais terem dado por encerradas as buscas, disse ao L’Equipe que a AAIB tinha que ser transparente relativamente ao que aconteceu no acidente. A equipa de Mearnes está a ser paga com dinheiro angariado junto de mais de cinco mil doadores. O chefe da equipa argumenta precisamente com o elevado número de pessoas que contribuíram: todos eles, diz Mearnes, têm o direito a saber onde é que foi aplicado.

As homenagens a Sala e David Ibbotson têm continuado. FOTO: EDDY LEMAISTRE/EPA

O avião em que seguia Emiliano Sala e o piloto, David Ibbotson, desapareceu no Canal da Mancha há mais de duas semanas. As autoridades britânicas procuram agora resgatar o avião e o corpo que conseguiram avistar no aparelho.

Emiliano Sala. Tudo o que já se sabe e o que ainda não foi respondido