Mais de 16 mil migrantes foram repatriados a partir da Líbia em 2018, divulgou esta quarta-feira a Organização Internacional das Migrações que gere um programa de regressos voluntários naquele país, passagem para milhares de migrantes que tentam alcançar a Europa.

Um total de 16.753 migrantes em situação irregular puderam regressar ao país de origem no ano passado”, afirmou, em declarações à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), o coordenador do programa “Regresso voluntário” da Organização Internacional das Migrações (OIM), Jouma Ben Hassan.

São essencialmente pessoas que tentaram, sem sucesso e muitos a correr risco de vida, chegar à Europa através da travessia do Mediterrâneo, de acordo com a organização liderada pelo ex-ministro português António Vitorino. “Segundo as estatísticas da OIM, estes migrantes são oriundos de 32 países de África e da Ásia”, acrescentou Jouma Ben Hassan, precisando que estes dados não incluem os migrantes apoiados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

O ACNUR precisou, por seu lado, que 4.080 refugiados deixaram a Líbia desde setembro de 2017. Numa nota informativa divulgada no início da semana, o ACNUR informou que outros 56.600 refugiados estão à espera para sair da Líbia. Este país do norte de África está imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, cenário que tem beneficiado as redes de tráfico ilegal de migrantes.

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No tempo do ditador líbio, milhares de migrantes atravessavam as fronteiras do sul da Líbia, com 5.000 km, especialmente para tentar atravessar o mar Mediterrâneo para a Europa. Mas desde 2011, a situação piorou, com as redes de tráfico ilegal a exigirem grandes somas de dinheiro para transportarem, em condições bastante precárias, milhares de pessoas, a maioria oriunda dos continentes africano e asiático, para Itália, a cerca de 300 quilómetros das costas líbias.

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A Líbia tornou-se então no principal ponto de partida em direção à Europa depois do encerramento da rota dos Balcãs e do Mar Egeu. Muitos migrantes, homens, mulheres ou crianças, têm sido intercetados ou resgatados em alto mar ao longo dos últimos anos. Muitos deles encontram-se em centros de detenção na Líbia, vivendo em condições muito difíceis e enfrentando abusos graves. A opção da repatriação surge como uma solução.

Várias organizações internacionais, incluindo o ACNUR, condenam regularmente os maus tratos a que são submetidos os migrantes na Líbia.