O WhatsApp está a preparar-se para lidar com a maior eleição na história da plataforma: em abril, a Índia vai eleger um novo parlamento e podem ir às urnas mais de 800 milhões de pessoas, dos 1,3 mil milhões de habitantes do país. Para o WhatsApp (uma plataforma de troca de mensagens detida pelo Facebook) isso significa lidar com a divulgação de propaganda, artigos políticos e notícias falsas entre os 300 milhões de utilizadores diários da aplicação.

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A Índia é o maior mercado do WhatsApp — em todo o mundo tem 1,5 mil milhões de utilizadores –, o que justifica as preocupações particulares da empresa. Para combater a partilha de notícias falsas entre os utilizadores, o WhatsApp lançou um software dotado de machine learning, ou seja, capaz de se melhorar a ele próprio com a experiência ganha, só para detetar e banir contas duplicadas, falsas ou criadas especificamente para divulgar propaganda.

A ferramenta atinge as contas em três momentos:

  1. No registo: 20% das expulsões acontecem neste momento. Só pela forma como a conta é criada, o software consegue perceber se o utilizador é um robô ou um humano a tentar criar uma segunda conta.
  2. Quando o utilizador envia mensagens: Em geral, as contas criadas para divulgar notícias falsas fazem-no enviando grandes números de mensagens e partilhando artigos com centenas de pessoas ao mesmo tempo. O comportamento (pouco habitual num utilizador normal) é detetado pela aplicação.
  3. Depois de uma queixa por outro utilizador: Qualquer utilizador pode fazer queixa de outro por spam ou comportamento abusivo. O software analisa a conta em detalhe e decide banir de imediato a conta ou passar a queixa a um gestor humano.

Tudo somado, o serviço tem banido 2 milhões de contas por mês em todo o mundo. É uma conta a cada segundo e meio.  O ritmo frenético exige uma resposta computorizada, até porque 75% das contas banidas são geridas por computadores sem interferência humana direta, segundo os dados da própria empresa.

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O WhatsApp tem investido em campanhas de educação para os média e combate à desinformação. A empresa compra regularmente anúncios em jornais, televisões e rádios para explicar como detetar e travar uma notícia falsa. Em outubro de 2018 — depois de o pânico gerado por várias notícias falsas divulgada através do WhatsApp ter levado à morte de pelo menos 30 pessoas — a empresa chegou a enviar atores para explicarem o fenómeno das notícias falsas através de pequenas peças. A equipa viajou de carrinha pela Índia.

A aplicação também passou a colaborar com agências de fact checking, como a Boom Live e a Alt News, e com a agência noticiosa Ekta, para filtrar o conteúdo que está a ganhar tração na plataforma. Para chegar a mais pessoas o WhatsApp ainda contratou a BuffaloGrid para montar estações de carga de telemóveis nas zonas rurais do país. A carga é gratuita, mas o ecrã do telemóvel fica a passar imagens de sensibilização enquanto estiver ligado.

Algo que o WhatsApp se tem recusado a fazer, avança a VentureBeat, é seguir a sugestão do governo indiano de eliminar a encriptação das mensagens enviadas, ou seja, permitir que se siga o rasto digital de todas as interações (logo de todas as notícias falsas) dentro da aplicação. O Ministério Indiano para a Eletrónica e Tecnologia indicou que pode tornar obrigatório o WhatsApp desencriptar as mensagens dos utilizadores para operar na Índia. Responsáveis do WhatsApp informaram o Financial Times de que era “impossível” cumprir com uma lei desse tipo.

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As medidas de proteção do WhatsApp, que já estão a ser aplicadas na Índia, podem servir também para proteger eleições na Europa e nos Estados Unidos da América, seguindo as diretrizes do Facebook para 2019: maior transparência e mais apoio ao desenvolvimento positivo da sociedade.