A primeira surpresa é que, apesar de a marca ter anunciado uma plataforma específica para o EQC, com a finalidade de explorar todo o potencial dos veículos eléctricos (motores mais muiiiito mais pequenos, o que permite criar uma bagageira à frente e um tipo de chassi diferente, capaz de alojar um grande pack de baterias na zona entre eixos), o primeiro SUV eléctrico do fabricante alemão recorre à mesma base do Classe C e do GLC, o que lhe permite ser fabricado na mesma linha de produção da fábrica de Bremen, na Alemanha. Isto explica a ausência de uma frunk (a bagageira à frente), em complemento da maior mala traseira, como acontece nos Tesla e no Jaguar I-Pace.

Previsto para arrancar com a produção em série em Junho deste ano, o EQC só deverá chegar ao mercado americano oito meses depois, devendo ser inclusivamente produzido nas instalações que os alemães possuem em Tuscaloosa, no Alabama.

Autonomia? Nem pensar nos 450 km

Quando foi revelado, o EQC 400 anunciava uma autonomia de 450 km. Porém, este valor foi calculado segundo o método NEDC, altamente optimista. Basta recordar que o Nissan Leaf e o Renault Zoe, que reivindicavam 370 e 400 km, em NEDC, baixaram para 270 e 300 km com a introdução do novo WLTP, substancialmente mais realista. O que levaria a antecipar que os 450 km do EQC caíssem para menos de 350 km (cerca de 337) em WLTP, um valor demasiado baixo para este segmento e níveis de preço.

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Neste contacto do SUV com alguns convidados, os técnicos da Mercedes avançaram com 400 km em WLTP, o que é um salto considerável face aos dados revelados anteriormente. Contudo, o EQC 400 continua largos pontos abaixo da concorrência já no mercado, contrariando o princípio num segmento em rápida evolução, como é a mobilidade eléctrica, em que os veículos mais recentes tendem a ser melhores e ir mais longe do que os que já existem. Nem é necessário comparar o SUV da Mercedes com o da Tesla, há mais tempo no mercado e de longe na liderança em termos de potência, autonomia e rapidez, bastando enfrentá-lo com o também recente Jaguar I-Pace, que reivindica 480 km em WLTP, recorrendo a uma bateria de 90 kWh.

A que potência pode recarregar?

Apesar da Mercedes sempre ter mencionado uma capacidade de bateria para o EQC de 80 kWh, percebemos agora que se refere à potência útil, com a capacidade total a rondar os 85 kWh, um pouco à semelhança do que acontece com o I-Pace, que anuncia 90 kWh, mas disponibiliza somente 84,7 kWh.

Recorrendo a uma tomada do tipo CCS Combo, o novo standard europeu, o EQC é capaz de aceitar uma potência de carga de até 110 kW, algures entre os 100 kW do I-Pace e os 150 kW do Audi e-tron. Isto permite ir de 10% a 80% da carga em 40 minutos. Para ajudar a prolongar a autonomia, o EQC 400 conta com um sistema de regeneração de energia regulável, o que é normal entre os veículos eléctricos modernos, sendo o D-Auto o mais aconselhável, uma vez que se adapta às condições do momento, com o condutor a poder optar pelos níveis (de menos para mais capacidade de regeneração) D+, D, D- e D- -.

A Mercedes monta no EQC 400 dois motores (um por eixo) de 150 kW, ou seja 204 cv, que depois são modulados para atingir os anunciados 400 cv. Isto permite ao construtor anunciar 180 km/h de velocidade máxima, para depois necessitar de 5,1 segundos para atingir 100 km/h, claramente abaixo dos Tesla, mas também do I-Pace, que reivindica 200 km/h e 4,8 segundos.