“Clímax”

Gaspar Noé namora com o musical antes de transformar “Clímax” num filme que se podia resumir com a famosa frase: “Droga, loucura, morte”. Um grupo de jovens bailarinos e bailarinas junta-se num lugar isolado, durante um fim-de-semana de Inverno rigoroso, com a coreógrafa que os contratou, para ensaiar antes de partir em digressão. Mas um deles meteu LSD na sangria preparada para os refrescar, e o que era uma reunião de trabalho e convívio (com o engate ocasional), transforma-se num inferno de desvario, sexo e violência, ao som ininterrupto de “dance music”. Noé sabe mexer numa câmara com poucos, mas aqui, esse virtuosismo acrobático não lhe serve para nada: “Clímax” é um filme massacrante, vácuo e atroz, uma espécie de “Fama” degenerado, alucinado e em espasmos de “overdose”.

“Cafarnaum”

A realizadora e atriz libanesa Nadine Labaki (“Caramel”) assina e também interpreta um pequeno papel neste filme passado em Beirute, com um elenco de amadores e atores profissionais. Zain é um rapaz de 12 anos que fugiu de casa e sobrevive à custa de expedientes e pequenos delitos, juntamente com uma imigrante etíope e a sua filha pequena, que protege. A dureza, a violência e os perigos da vida nas ruas de Beirute acabam por levar Zain à cadeia. O rapaz decide então processar os pais, por o haverem trazido ao mundo sem terem as condições para lhe dar uma vida decente e apenas lhe reservarem, e aos irmãos, um destino de miséria, fome, degradação e crime. “Cafarnaum” ganhou o Prémio do Júri no Festival de Cannes e está candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

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https://youtu.be/UrgWHfGEsbE

“A Favorita”

A história de “A Favorita”, de Yorgos Lanthimos, candidato a dez Óscares (tantos quantos “Roma”, de Alfonso Cuarón), assenta na amplificação de um boato com 400 anos. Que no início do século XVIII, a rainha Ana de Inglaterra, última monarca da casa Stuart, e Sarah Churchill, duquesa de Malborough, sua amiga de infância, maior confidente e favorita na corte, com grandes poderes, tiveram uma relação lésbica. Olivia Colman interpreta a monarca, Rachel Weisz dá corpo à sua arrogante confidente e Emma Stone personifica Abigail Masham, baronesa de Masham, a prima mais jovem e arruinada de Sarah Churchill, que queria ser favorita no lugar da favorita e se insinuou entre esta e a rainha. “A Favorita” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.