Lara, a menina de dois anos assassinada pelo pai, Pedro Henriques, terá morrido ainda na segunda-feira, poucas horas depois de a avó ter sido esfaqueada até à morte, confirmou fonte da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal ao Observador.

A partir da análise feita ao cadáver da criança no local, conjugada com outros elementos recolhidos, foi possível estimar a hora da morte entre as 12h00 e as 18h00, adiantou a mesma fonte, negando assim as informações iniciais de que a criança só teria sido morta no dia seguinte, terça-feira. Segundo a PJ, tudo terá acontecido rapidamente. Não passou muito tempo entre a morte de Maria Helena e da neta. “Após esfaquear a senhora, não terá demorado muito até asfixiar a menina e ausentou-se. Fugiu, logo”, explicou ainda a mesma fonte.

Desde o vizinho que abriu a porta ao assassino até ao taxista que o transportou. Quatro testemunhos que ajudam a perceber o crime do Seixal

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com o passar do tempo, a linha temporal deste caso começa a ficar cada vez mais clara. Pedro Henriques dirigiu-se ao café da sogra por volta das 6h00 da manhã de segunda-feira. Lá, encontrou o sogro, que terá insultado e ameçadado, e depois seguiu em direção à casa da sogra, Maria Helena, onde acabaria por esfaqueá-la até à morte. Antes disso — embora a PJ não consiga determinar se foi antes ou depois de falar com o sogro –, Pedro deitou para um contentor do lixo roupa dele e da criança, que se encontrava, nesse momento, no seu carro. A roupa só viria a ser encontrada pela PJ, no final da tarde de segunda-feira.

Aí percebemos: ao deitar a roupa fora, adivinhava-se o pior porque quem vai fugir precisa da roupa, não a deita fora”, explicou a mesma fonte.

Por volta das 8h00, Pedro chegou a casa de Maria Helena. Ainda não foi possível apurar se a faca que usou para cometer o crime era dela, mas a PJ acredita que tenha sido levada por Pedro. Não só porque não foi encontrada nenhuma faca na casa com características semelhantes à usada no crime, mas porque o esfaqueamento ocorreu à porta de casa — o que leva a crer que Pedro não chegou a entrar na habitação, não podendo, assim, ter ido buscar alguma faca.

Pedro Henriques foi então para Pombal ainda na segunda-feira, como avançou o Observador no início da semana. Lá passou a noite e, no dia seguinte, apanhou um táxi para Castanheira Pêra, onde viria a suicidar-se.

Crime premeditado, mas como acabou por acontecer. Pedro tinha escondido a arma

A arma que Pedro usou para se suicidar — uma caçadeira do pai — terá sido escondida por ele na casa dos pais, revelou a mesma fonte. O objetivo? Ter a arma “disponível” caso alguma vez precisasse dela, fosse para o que fosse.

Embora não seja possível precisar exatamente quando é que Pedro escondeu a arma, a PJ está inclinada para que tenha acontecido entre outubro e dezembro, numa visita que fez à casa da família. Interrogado, o pai do homicida disse acreditar que a arma “não se encontrava no sítio que era habitual”, embora também não saiba dizer desde quando.

Este elemento levou a PJ a crer que Pedro Henriques “pode ter premeditado alguma coisa, ainda que não nestes termos”. Se a arma tivesse sido escondida dias antes dos crimes, este seria um indício de premeditação total — o que não é o caso, diz a PJ. O segundo homicídio e o suicídio terá resultado de uma precipitação “na sequência do esfaqueamento” e do facto de ter percebido que “estava toda a gente à procura dele”. Pedro foi visto, momentos antes de cometer suicídio, a mexer num arbustos. Terá sido esse o local escolhido para esconder a arma.

O rapto de 20 minutos que já tinha assustado Sandra e as outras queixas contra o homicida do Seixal