Foi descoberta uma ferramenta de edição genética que pode ser utilizada em humanos, escreveu em comunicado o Instituto de Inovação Genética. Chama-se CRISPR-CasX, e tal como a o CRISPR-Cas9, funciona como uma tesoura que recorta a parte de cadeia de ADN que precisa de ser substituída para introduzir outra saudável. No entanto, CasX é uma proteína mais pequena que o Cas9 e, por isso, pode ser programada para ser ainda mais precisa. Isso evita erros como os foram reportados com o Cas9, que pode cortar sequências de ADN demasiado longas ou demasiado curtas.
De fazer bebés à medida a outras polémicas da edição genética (mas também coisas boas)
A existência do CasX não era desconhecida para a comunidade científica. Tal como o Cas9, esta proteína foi encontrada em bactérias e ajuda no combate a atacantes que venham de fora, tal como faz o nosso sistema imunitário. A única diferença é que o CasX foi encontrado em bactérias mais pequenas do que as portadoras do Cas9. Apesar do CRISPR-Cas9 já ter dado provas da sua eficiência, não se tinha a certeza que o sistema CRISPR-CasX podia ser utilizado com segurança em humanos. Mas os investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que sim.
Cientista chinês garante ter feito nascer primeiro bebé com ADN geneticamente modificado
De acordo com o estudo publicado na revista científica Nature, para descobrir isto os cientistas usaram um microscópio para tirar fotografias do CRISPR-CasX em atuação dentro de uma célula. Depois usaram essas fotografias para construir um modelo da proteína conforme o posicionamento de cada um dos átomos dela. Foi assim que concluíram que CasX é 40% mais pequena que o Cas9. Portanto, pode ser melhor para edição genética.
E isso tem dois motivos, explica o Futurism. Primeiro porque, como normalmente os cientistas utilizam vírus para introduzir o sistema CRISPR no organismo dos seres vivos, convém que a proteína seja o mais pequena possível: os vírus só podem transportar uma determinada quantidade de matéria, por isso quanto mais espaço sobrar, mais pormenorizadas serão as instruções que se podem introduzir neles.
A segunda vantagem é que a proteína CasX só existe em bactérias que não habitam no organismo humano — ao contrário do Cas9, que faz parte do mecanismo de defesas de algumas bactérias que vivem no nosso corpo. Os cientistas ainda não têm a certeza, mas é possível que as pessoas que já tenham tido contacto com o Cas9 sejam mais “imunes” à atuação dessa proteína como ferramenta de edição genética. É menos provável que alguém tenha tido contacto com o CasX, por isso esse problema já não se coloca.