O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu esta sexta-feira no Palácio de Belém, em Lisboa, o diretor nacional da PSP, Luis Farinha, numa audiência que não constava da agenda pública do chefe de Estado.

A informação da audiência ao diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) consta de uma nota de apenas um parágrafo colocado no ‘site’ da Presidência da República no final do dia. A Presidência da República não divulgou quaisquer pormenores do encontro.

A audiência decorreu no final da semana em que Marcelo Rebelo de Sousa visitou o bairro Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal. A deslocação tinha motivado fortes críticas do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, que acusou o Presidente da República de demonstrar “desprezo completo” pela PSP.

Visita ao bairro da Jamaica. Líder de sindicato da PSP acusa Marcelo de “desprezar” a polícia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Marcelo responderia ao presidente da ASPP, dizendo que a polícia “não deve colocar-se ao mesmo nível das comunidades sobre as quais exerce a autoridade, pois isso é diminuir-se”.

A visita do chefe de Estado, na passada segunda-feira, aconteceu 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia neste bairro, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público.

Marcelo justifica fotografia com suspeito: “Não peço cadastro criminal para falar ou tirar selfies”

A PSP abriu um inquérito interno sobre a “intervenção policial, e todas as circunstâncias que a rodearam”, ocorrida no dia 20 de Janeiro em Vale de Chícharos, também conhecido como bairro Jamaica. O caso tornou-se público devido a um vídeo que circulou nas redes sociais e levou a um protesto contra a violência policial, no dia seguinte, em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa. Nessa ocasião, registaram-se incidentes com a PSP, que relatou ter havido apedrejamento de agentes policiais por parte de manifestantes já na Avenida da Liberdade e admitiu ter recorrido a disparos de balas de borracha.

O bairro Jamaica começou a formar-se na década de 1990 e tem-se mantido sem condições de habitabilidade, com edifícios inacabados a servir de casa. Recentemente, no final de 2017, foi assinado um acordo para realojamento de 234 famílias, numa parceria entre o Governo e a Câmara Municipal do Seixal.