Milhares de pessoas estão concentradas na Praça de Cristóvão Colombo em Madrid para pedir a demissão de Pedro Sánchez, o presidente do governo de Espanha. A manifestação foi convocada pelo Partido Popular (PP), pelo Ciudadanos e pelo Vox. “O tempo dele acabou. Que recomece a reconquista do coração dos espanhóis”, disse Pablo Casado, líder do PP, no discurso desta manhã.

A Delegação do Governo contabiliza 45 mil pessoas na praça madrilena. Todos contestam a decisão de Pedro Sánchez de nomear um relator ou mediador para as negociações com os independentistas da Catalunha. Isso aconteceu depois de a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) ter ameaçado que, se as exigências feitas ao governo não fossem respeitadas, o Orçamento seria chumbado. O primeiro-ministro cedeu e aceitou a existência de um coordenador das negociações com o governo catalão.

À conta disso, a direita tem apelidado Pedro Sánchez de “medíocre”, “o maior traidor” e “mentiroso compulsivo” porque “é ilegítimo por pactuar com golpistas e deixar-se chantagear por quem quer romper com a Espanha”, disse Pablo Casado. O discurso feito esta manhã na Praça de Cristóvão Colombo continua no mesmo registo: “O tempo de Pedro Sánchez acabou. Chega de rendição socialista e de chantagem pró-independência”, disse o líder do PP.

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E acrescentou: “Continua a haver pressões ao poder judicial. É lamentável que o governo de Espanha seja cúmplice dessas práticas. Temos dentro de cinco dias três eleições de âmbito nacional: municipais, autónomas e europeias. Esta Espanha das varandas tem de descer às ruas e condenar o que está a acontecer no país, para que o resultado eleitoral seja inequivocamente uma censura ao governo de Pedro Sánchez”.

Enquanto a multidão gritava “Espanha!”, Carlos Cuesta, jornalista e apresentador de televisão espanhol, também discursou: “Hoje defendemos a unidade da Espanha sem complexos”. “Estes partidos decidiram que não são elas que tomam a palavra. Pediram-nos a todos sem necessidade de carregar logótipos de diferentes partidos nem bandeiras. Porque só nos une uma bandeira — a bandeira de Espanha”, concluiu.

María Claver, outra jornalista espanhola que esteve presente, falou de traição por parte do governo de Pedro Sánchez: “Os partidos políticos e a sociedade civil querem manifestar o nosso desagrado com a traição perpetrada pelo governo de Espanha com a Catalunha. Trata-se de uma humilhação sem precedentes na democracia”, condena. “O único objetivo de Sánchez é continuar no poder”, terminou.

Juntamente com outro jornalista, Albert Castillón, Claver e Cuesta foram responsáveis pela leitura de um manifesto, que pode ser lido na íntegra aqui. Como referiram os partidos que se uniram para este protesto, os três foram escolhidos para representarem a sociedade espanhola. Mas entretanto o El País publicou um fact check onde contabiliza cinco informações falsas desse manifesto, incluindo algumas que contradizem a causa defendida pela direita espanhola.

As cinco mentiras do manifesto contra Sánchez em Madrid, segundo o El País

Pedro Sánchez, que está na cidade espanhola de Santander, respondeu à manifestação. Disse respeitar os protestos, mas afirma que “se te atacam é porque te temem”: “Ser patriota é trabalhar todos os dias para que se viva melhor em Espanha. Ouviram esse líder da oposição dizer: ‘Se querem pensões dignas, que as mulheres não abortem’. As pensões não se conseguem retirando direitos de ninguém, muito menos das mulheres”.

O primeiro-ministro espanhol assegurou que o seu governo trabalha pela unidade de Espanha, o que implica “unir os espanhóis, e não dividi-los, como está hoje a fazer a direita” na manifestação em Madrid. E frisou que esta é contra alguém que, quando foi líder da oposição, esteve “sempre ao lado do governo”, nomeadamente em relação à Catalunha. “O que faço agora como presidente do governo é resolver uma crise de Estado que o PP agravou quando esteve no governo”, disse o líder socialista, assegurando estar a defender a Constituição.

*Artigo corrigido e atualizado às 17h38 com correção dos cargos de María Claver e Carlos Cuesta (são jornalista e não políticos). O manifesto foi lido em conjunto com Albert Castillón, e não com Pablo Casado.