A pergunta era simples: “Recorda-se da goleada de 10-0 do Benfica frente ao Seixal, em 1964?”. A memória não perdoou e para quem fez tantas centenas de partidas na carreira, a resposta foi “ao poste”. Simões não se lembrava de como decorreu o mítico jogo de fevereiro de 1964. Mas sobre o de fevereiro de 2019, o 10-0 frente ao Nacional, o antigo avançado do Benfica não hesitou: “Isto não é usual, não é uma goleada ‘à antiga’, como falam por aí. Isto é uma goleada que não tem tempo, é intemporal”, acrescentando ainda que “jogo com ‘molho à espanhola’ e ‘piri-piri’ é só conversa”, disse ao Observador.

Uma goleada que foi ainda maior do que as de antigamente (a crónica do Benfica-Nacional)

A glória benfiquista acha até que a goleada deve ser usada como momento de reflexão. “Não faz nenhum sentido que haja estes resultados quando o conhecimento do treino e do jogo é muito maior do que há 50 anos. É difícil acreditar que os treinadores não tenham qualidade para criar uma estratégia de jogo que impeça resultados destes”.

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A crítica não vai diretamente para a Luz, mas sim para as altas instituições e para o desequilibrio do futebol português: “Sabe quem são os únicos que ficam contentes com isto? O Benfica. Ganhou 10-0. Extraordinário. E do outro lado alguém se lembra? Os profissionais do Nacional foram completamente arrasados durante 90 minutos e foram completamente impotentes face ao desequilíbrio que existe! E acredite que cada vez mais acontecerão goleadas destas”, afirmou o antigo avançado.

Simões concretizou a análise com um apelo: “É o momento de a Federação, a Liga e os Sindicatos se juntarem e refletirem, pensarem bem no que querem para o futebol português. Até podem dizer que não tenho razão, mas eu quero lá saber. Não faço é de conta que isto é um momento de celebração e não de se refletir e pensar sobre o que queremos, afinal para o nosso futebol”.

“Concurso de tiro”, chamou-lhe o Diário de Lisboa. As histórias do 10-0 do Benfica ao Seixal em 1964