A queda das importações provenientes da União Europeia em direção ao Reino Unido em caso de um “Brexit duro” ameaça por si só mais de 600 mil postos de trabalho em todo o mundo, indica um estudo alemão divulgado esta segunda-feira.

Segundo os cálculos dos investigadores do instituto alemão IWH, com base na hipótese de um recuo de 25% da procura de produtos europeus no Reino Unido, 103 mil postos de trabalho seriam ameaçados na Alemanha e outros 50 mil em França.

Portanto, para os postos de trabalho afetados, os “despedimentos são uma opção entre muitas” e as empresas “poderão tentar guardar os empregados” através do recurso ao desemprego parcial ou encontrando novos mercados, referem os economistas.

Com a saída da União Europeia prevista para 29 de março, o Reino Unido está no limbo quanto à forma que este divórcio histórico terá, depois dos deputados britânicos terem rejeitado esmagadoramente a 15 de janeiro o acordo negociado ao longo de meses entre Bruxelas e a primeira-ministra britânica, Theresa May.

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Uma saída desordenada do Reino Unido da UE, que se traduzirá nomeadamente pela introdução de tarifas aduaneiras, “teria como consequência desordenar as cadeias de produção internacional”, explica Oliver Holtemöller, coautor do estudo.

O estudo “só se concentra nas trocas de bens e serviços” e, por isso, não tem em conta outras consequências do ‘Brexit’, como por exemplo a queda da propensão para investir ou os efeitos nas receitas das famílias.

No total, cerca de 179 mil empregos na União Europeia são afetados pelo recuo das exportações, enquanto 433 mil postos adicionais são ameaçados indiretamente, tanto na UE como em países terceiros.

Assim, cerca de 59 mil empregos estão ameaçados indiretamente na China no seio das empresas que fornecem empresas europeias que exportam para o Reino Unido.

No Reino Unido, o único impacto indireto no seio das empresas que exportam para a UE partes de bens que voltam a importar para o país cifra-se em 12.000 portos de trabalho.

Um estudo publicado em janeiro de 2018 pelo gabinete de investigação Cambridge Econometrics tinha considerado que cerca de 500 mil postos de trabalho estavam ameaçados por um “Brexit duro”.

Na Alemanha, a indústria automobilística, pilar da economia exportadora, seria particularmente atingida, com uma perda de 15 mil postos de trabalho. Em França o setor dos serviços às empresas será o que mais vai sentir o impacto de um Brexit sem acordo, adianta o estudo.