As Forças de Defesa e Segurança capturaram três indivíduos suspeitos de terem assassinado, há duas semanas, dois cidadãos no distrito de Nangade, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

Entre os suspeitos, todos residentes de Nangade, destaca-se um antigo líder comunitário, segundo fontes locais citadas pela Rádio Moçambique.

As vítimas, uma das quais professor e diretor da Escola Primária de Nangade, foram atingidas com catanas no dia 30 de janeiro, quando seguiam de motorizada por um caminho em terra batida, junto à aldeia de Mwangaza, para participar no arranque do ano letivo.

O governador de Cabo Delgado, Júlio Paruque, esteve no domingo em Nangade, tendo deixado uma mensagem de apoio às famílias das vítimas e apelado a comunidade para mantere-se vigilante.

“Nós temos filhos de Nangade que se deixam comprar pelos malfeitores. Esta é uma grande preocupação que nos obriga a organizar-nos e, sobretudo, a unirmo-nos, sempre vigilantes, disse o governador daquela província.

Falando durante o empossamento de novos quadros das Forças Armadas hoje em Maputo, o ministro da Defesa de Moçambique, Atanásio Mtumuke, disse que a situação está controlada, considerando que as Forças de Defesa continuam no terreno.

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“Em termos de população, tudo funciona. As Forças de Defesa e segurança estão para garantir a segurança”, declarou o governante, acrescentando que “a orquestra é tocada fora e a música é dançada cá dentro”, em alusão a um possível envolvimento de estrangeiros nos ataques a aldeias recônditas de Cabo Delgado.

A onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia) surgiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes desde há dois anos.

Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação das fábricas e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural.

No entanto, a proximidade dos mais recentes ataques tem feito com que as obras estejam a decorrer com “segurança reforçada”, disse à Lusa a petrolífera Anadarko, que coordena os trabalhos na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado.