Negociadores democratas e republicanos anunciaram no domingo terem alcançado um princípio de acordo sobre o muro que o Presidente dos Estados Unidos reivindica na fronteira com o México, mas cuja verba está longe daquela reclamada por Donald Trump.

Os representantes dos dois partidos, segundo fontes citadas pelas agências noticiosas Associated Press (AP) e Efe, terão chegado a um entendimento provisório que prevê uma verba próxima dos 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) para construir 88,5 quilómetros de muro, longe dos 5,7 mil milhões de dólares exigidos pelo Presidente norte-americano e que motivaram a maior paralisação parcial dos serviços federais nos EUA (shutdown), que durou 35 dias.

Trump disse aos seus apoiantes em El Paso que o seu governo já construiu “uma grande parte” do muro e que agora quer “terminar” e “rápido” aquela infraestrutura. Contudo, a verba de 1,6 mil milhões de dólares que Trump conseguiu obter do Congresso em 2017 está a ser investida no reforço de estruturas já existentes e não para estender a barreira ao longo da fronteira.

O acordo desta segunda-feira prevê uma vedação de metal ou outros tipos de novas cercas, não uma parede de betão. O muro será construída no Vale do Rio Grande, no Texas, e o pacto inclui um montante destinado a garantir outras medidas de segurança, incluindo uma triagem avançada na entrada na fronteira, noticia a AP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Trump diz que novo shutdown da administração “depende dos democratas”

Entretanto Donald Trump, considerou na segunda-feira que um novo shutdown “depende dos democratas”, ao iniciar uma visita à fronteira com o México em plena campanha pela finalização da construção do muro.

“Depende dos democratas”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca antes da deslocação, ao ser interrogado sobre a eventualidade de um novo encerramento parcial da administração federal no final desta semana.

Na sexta-feira termina a legislação que disponibilizou temporariamente fundos ao governo em finais de janeiro, que pôs termo a uma paralisação de 25 dias de numerosas atividades da administração devido ao desacordo em torno do financiamento do muro.

Neste clima político, o republicano Trump deslocou-se na segunda-feira à cidade fronteiriça de El Paso (Texas) para promover o seu primeiro comício de 2019, enquanto o ex-congressista democrata Beto O’Rourke preparava uma sessão alternativa na mesma cidade e à mesma hora.

“Vamos a El Paso. Temos uma fila de gente muito grande que quer entrar. Disseram-me que a nossa concorrência também tem uma fila, mas é uma fila pequena, diminuta”, assegurou o Presidente.

Trump também criticou um plano dos democratas para limitar o número de camas que o Serviço de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) pode manter nos centros de detenção. “Além de não nos quererem dar dinheiro para o muro, também não nos querem dar espaço para deter assassinos, criminosos, narcotraficantes e traficantes de pessoas”, sentenciou Trump.

O governo de Trump pediu em janeiro ao Congresso 4.200 milhões de dólares (3.708 milhões de euros) para apoiar a manutenção de 52.000 camas nos seus centros de detenção para imigrantes, um importante aumento face às 40.000 atuais.

Os democratas consideram que, com esse aumento, o ICE também tenta deter indocumentados sem registo criminal e querem usar as negociações para estabelecer um limite de 35.520 camas para o restante ano fiscal, incluindo um máximo de 16.500 para os detidos dentro dos EUA. O subdiretor do ICE, Matt Albence, advertiu que a redução de verbas para os centros de detenção seria “extremamente danosa para a segurança pública do país”.

Em conferência de imprensa telefónica, Albence confirmou que o ICE mantém sob detenção “entre 20.000 e 22.000 indocumentados” capturados no interior do país, “a maioria com historial criminal”, e denunciou que um corte nas verbas obrigará o seu departamento a “libertar” alguns dos detidos.