O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou esta terça-feira que no dia 23 de fevereiro entrará a ajuda humanitária no país.
A ajuda humanitária vai entrar, sim ou sim (de qualquer maneira), o usurpador terá que ir-se (embora), sim ou sim, da Venezuela”, disse.
Juan Guaidó falava em Chacao, zona leste de Caracas, na Avenida Francisco de Miranda, para milhares de pessoas que se concentraram esta terça-feira para exigir ao Governo do Presidente Nicolas Maduro e às Forças Armadas da Venezuela que permitam a entrada de ajuda humanitária no país.
Segundo Juan Guaidó no estado brasileiro de Roraima estará situado o maior centro de recolha de ajuda humanitária internacional. “Continuamos a convidar os soldados da pátria a unirem-se a nós (à oposição)”, frisou.
Por outro lado, insistiu que os venezuelanos têm uma rota traçada que inclui “o fim da usurpação” da Presidência da República, um governo de transição e eleições livres no país.
A oposição não reconhece o resultado das eleições presidenciais de maio de 2018, que dizem ter sido irregulares e por isso acusam Nicolás Maduro de estar a usurpar o poder. Segundo as redes sociais e a imprensa local, além de Caracas, os venezuelanos realizaram grandes marchas de apoio a Juan Guaidó e para exigir a entrada de ajuda humanitária também nas cidades de Maracay, Barquisimeto, Maracaibo e na ilha venezuelana de Margarita (nordeste da capital).
A oposição venezuelana anunciou, recentemente, a criação de três centros de acolhimento de ajuda humanitária para os cidadãos que vivem na Venezuela, na Colômbia, no Brasil e numa ilha das Caraíbas. Segundo a imprensa local, parte da ajuda humanitária já chegou a Cúcuta, na Colômbia, onde espera autorização para passar a fronteira até à vizinha Venezuela.
Na sua rede social Twitter, Juan Guaidó escreveu “Neste domingo vamos ter acampamentos humanitários itinerantes. Tudo o que estamos a fazer é evitar que se continue a ver os venezuelanos a sofrer. Já chega. É hora de ajudar”.
Este domingo tendremos campamentos humanitarios itinerantes. Todo lo que estamos haciendo es para evitar que sigamos viendo a venezolanos sufrir. Ya basta. Es momento de ayudar.#AvalanchaHumanitaria
— Juan Guaidó (@jguaido) February 12, 2019
O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.