Depois de ter estado no Mundial de 2018, na Rússia, o vídeo-árbitro (VAR) dá esta terça-feira mais um passo importante quanto à sua implementação no futebol, estreando-se na Liga dos Campeões, a maior competição de clubes do mundo. Entra na prova a meio caminho, apenas nos oitavos de final, depois de vários meses de estudo e averiguação, seguindo o caminho de sete países que já adotaram a tecnologia, Portugal incluído. Ora as leis base do protocolo continuam a ser as mesmas na Liga dos Campeões, mas com novidades. O Observador resume tudo o que há para saber sobre a entrada que terá o FC Porto como “padrinho”.

A base continua lá

Apesar de ter alguns apontamentos novos, as áreas de intervenção do VAR permanecem as mesmas que vemos, por exemplo, em Portugal. O protocolo faz parte do documento de Leis do Jogo, da International Football Association Board (IFAB) e, por isso, nunca haverá alterações revolucionárias no sistema. As decisões que podem ser revistas continuam, portanto, a serem as mesmas:

Golos, caso haja alguma violação durante o lance;

Lances de grande penalidade;

Lances passíveis de serem punidos com cartão vermelho direto (segundo amarelo não está incluído);

Lances de confusão de identidade na atribuição de um cartão vermelho ou amarelo.

Como vai funcionar a revolução do video-árbitro?

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Estes lances só devem ter intervenção do VAR caso haja um “erro claro”, posicionamento reforçado pelo responsável de arbitragem da UEFA, Roberto Rosetti: “Mais uma vez, o VAR intervém apenas se houver evidência clara. Por exemplo, no caso da mão na bola: o VAR tem de intervir apenas quando for evidente que houve um ato deliberado de contacto do jogador com a bola na mão ou no braço”.

Revisões nos ecrãs gigantes do estádio

É algo que ainda não é realizado em Portugal. Quem estiver em casa a ver o jogo através da transmissão televisiva tem a vantagem de ver, em tempo real, as imagens que o VAR está a analisar sobre o lance. Já quem estiver no estádio fica condenado à agonia de esperar pela decisão do árbitro, sem poder ver as repetições. É precisamente isso que a UEFA quer contrariar. Na Liga dos Campeões, sempre que o VAR intervier, os adeptos presentes no estádio poderão ver nos ecrãs gigantes toda a análise tecnológica que também se vê na televisão. O motivo? Mais transparência e informação para os adeptos.

VAR a quilómetros de distância? Nem por isso

É dos maiores motivos de estranheza entre os adeptos de futebol: porque é que o VAR não está nos estádios, mas sim numa sala a quilómetros de distância? Em Portugal isto acontece, com o VAR a funcionar a partir da Cidade do Futebol, em Oeiras. O motivo é a falta de condições de alguns estádios para albergar tanta tecnologia. Porém, o mesmo sistema foi utilizado no Mundial de 2018. O VOR – Video Operation Room (Sala de Operações de Vídeo), nome dado ao centro de operações do VAR, ficou sediado em Moscovo, zona central face aos vários estádios da competição. Desta vez, na Liga dos Campeões, a tecnologia vai mesmo andar de casa às costas e estar em todos os estádios. Consigo leva outra novidade: um gerente, responsável pela qualidade.

Cartão amarelo para quem pedir intervenção do VAR

Já tínhamos a regra de dar amarelo a quem pedir cartão para um adversário, agora temos a regra de dar amarelo a quem pedir ao árbitro a intervenção do VAR. Isto por serem constantes os apelos de jogadores e treinadores, em lances mais polémicos, para que o juiz da partida peça auxílio à tecnologia.

VAR ligado até estar o relvado vazio

O jogo acaba. Os ânimos ainda estão quentes. Há um jogador que decide agredir outro e o árbitro não vê. A partir de agora, na Liga dos Campeões, estas situações poderão acabar. O VAR vai ficar “ligado” até todos os intervenientes da partida estarem fora do terreno de jogo, certificando que não há confusões depois do apito final quando mais ninguém está a ver.

Racismo não entra no futebol

Continuam os casos de provocações racistas e xenófobas de parte a parte, tanto dos adeptos para os jogadores, como ao contrário. A UEFA não diz como agirá o VAR em casos em que os adeptos tenham esse tipo de comportamentos para com os atletas, mas, no sentido contrário, os jogadores podem ser advertidos caso sejam “apanhados” pelo VAR  a fazer alguma provocação de índole racista para com adeptos ou adversários.

A esta lista de novidades, juntam-se ainda uma lista de recomendações do diretor de arbitragem da UEFA: deixar mais vezes o árbitro de campo rever as jogadas nos monitores ou recorrer ao VAR para fazer o acerto dos tempos de compensação.