A rede 8 de março, um coletivo de organizações feministas, vai organizar no Dia dos Namorados vários “protestos ruidosos”, em cinco cidades do país, contra o silenciamento da violência doméstica, pelas vítimas, mas também contra a violência no namoro.

Em comunicado, a rede 8 de março anuncia que estão marcadas ações de protesto no Porto, Braga, Coimbra, Aveiro e Lisboa, sendo que no Porto haverá uma ação de sensibilização e de visibilização sobre violência doméstica, “por todas [as mulheres] que tombaram, por todas as que sobreviveram, por todas as que vivem este inferno”.

O coletivo de organizações feministas lembra que quinta-feira é o Dia dos Namorados e aponta que há estudos sobre violência no namoro que demonstram que “uma parte significativa dos e das jovens não reconhece situações tipificadas como violência“, alertando que “a violência se encontra ainda perfeitamente naturalizada e legitimada”.

É um sinal de alarme que deve soar bem alto, porque estes dados revelam que os comportamentos abusivos começam desde muito cedo”, destacam

A rede 8 de março não deixa escapar o facto de que, em 2019, já foram assassinadas 10 mulheres em Portugal. O coletivo defende que “nenhum país decente pode encolher os ombros perante uma tragédia que a cada dia soma mais vítimas” ou “pode considerar normal que 85% das queixas sejam arquivadas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nenhum país decente pode aceitar que as mulheres sobreviventes que conseguem levar o seu caso a tribunal sejam humilhadas por juízes como Neto de Moura”, criticam, referindo-se ao caso do magistrado do Tribunal da Relação do Porto, autor de um acórdão em que minimizou um caso de violência doméstica pelo facto de a mulher agredida ter cometido adultério.

Apontam que, como parte do país, não se podem calar e que, por isso, levantam a voz para lembrar as vítimas, mas também as sobreviventes e para chamar a atenção e denunciar a naturalização e a legitimação da violência.

“Levantamos a voz para dizermos que não aceitamos nem Ministério Público e Polícia laxistas, nem Tribunais machistas. Levantamo-nos para exigir medidas de combate à violência”, adiantam, acrescentando que “é urgente” uma aposta séria na formação e uma fiscalização à forma como a lei de prevenção e combate à violência doméstica é aplicada.

Levantamos a voz ruidosamente, porque não aguentamos o silêncio”, acrescentam

A Plataforma rede 8 de março existe desde 2011 e integra mais de 30 associações e sindicatos que têm como objetivo organizar uma greve feminista nacional no Dia Internacional da Mulher, que se assinala no dia 8 de março, com manifestações por todo o país, à semelhança do que aconteceu no ano passado em Espanha.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/femicidio/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”132″ slug=”femicidio” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/femicidio/thumbnail?version=1549480409650&locale=pt-PT&publisher=observador.pt” mce-placeholder=”1″]