Nem sempre é possível perceber o que é dito naquela roda final que junta todos os jogadores, técnicos e restante staff do FC Porto no relvado. No limite, nem sempre se consegue descortinar quem é o interlocutor na mesma. Em Roma, tudo foi diferente: foi Sérgio Conceição que tomou a palavra, foi Sérgio Conceição que deixou a frase chave no final dessa concentração: “Nós vamos passar, nós vamos passar!”. E também foi o treinador dos azuis e brancos que liderou a caminhada junto ao setor onde estavam concentrados cerca de 4.000 adeptos dos dragões, que aplaudiram a equipa apesar da primeira derrota desde outubro.

A cara de Iker mostrou a face de uma equipa de topo mesmo na derrota (a crónica do Roma-FC Porto)

A própria forma de ser do agora técnico ficou bem visível neste regresso a Roma, onde passara pelo jogador: antes do encontro, choveram elogios às suas capacidades por parte de elementos que com ele conviveram nas duas passagens que teve pela Lazio (e houve adeptos dos dragões a levar cachecóis dos laziale e camisolas do antigo capitão Paolo Di Canio), da mesma forma que foi percetível entre os adeptos romanos não se tratar propriamente da figura mais estimada. E a certa altura Sérgio Conceição teve mesmo um desaguisado com o homólogo Eusebio Di Francesco, quando o treinador dos visitados disse qualquer coisa ao portista, que se queixava fora da área técnica por quase ter sofrido um golo quando Brahimi estava no chão.

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Foi um jogo de emoções fortes, que terminou com os ânimos ainda em alta, como se percebeu numa conversa entre Conceição e Felipe onde o central parecia estar a falar de uma situação em específico. Mas foi também um encontro que não tirou confiança ao treinador dos azuis e brancos, apesar da derrota após uma série de 22 vitórias e quatro empates consecutivos. Tudo sem esquecer ainda a frase que antecedeu o jogo, onde o FC Porto foi descrito como uma grande equipa mas não de topo.

“Estamos só a meio de uma eliminatória. Jogámos contra uma equipa sólida, de um Campeonato muito competitivo. Acho que as duas equipas anularam-se uma à outra, na segunda parte houve uma ocasião para o Danilo, depois estamos no meio-campo ofensivo e sofremos um golo. No nosso melhor período acabámos por sofrer, no meio da confusão. Acho que foi falta de consideração até porque o Brahimi estava no chão, houve uma discussão junto aos bancos e sofremos um golo. A equipa reagiu como esperava, é uma equipa de carácter”, começou por dizer na flash interview.

“Sabíamos que eram os primeiros 90 minutos e o golo deixa tudo em aberto. O mais justo era o empate, vamos à procura de continuar com a mesma solidez defensiva no Dragão e sermos mais incisivos no ataque. A minha convicção é que cada vez que metemos um ritmo alto no jogo, ainda não vi nenhum adversário confortável com isso. Somos das equipas mais competitivas do mundo, não duvido. E a minha convicção é que se abordarmos o jogo [da segunda mão] como abordámos muitos jogos, estou convencido que vamos passar a eliminatória”, acrescentou.

Em termos de números, e como mostra o Playmakerstats, 13 eliminatórias que terminaram com 2-1 na primeira mão resultaram depois em reviravoltas e outras tantas confirmaram a passagem de quem tinha ganho em casa. Até aqui, tudo empatado. Mas há um dado mais “inspirador” para os azuis e brancos – as últimas três vezes em que isso aconteceu, a equipa visitada na segunda mão conseguiu reverter a tendência, a última das quais… a Roma. Em paralelo, e numa altura em que ficaram também sem Brahimi por lesão (a extensão do problema no tornozelo só será revelada nas próximas 48 horas), existe outro fator positivo a ter em conta para os dragões: o número de golos dos suplentes, que subiu esta noite para 16 depois de Adrián López ter voltado aos golos numa temporada onde só tinha marcado frente ao Vila Real… e por quatro vezes no mesmo jogo.