A taxa de desemprego entre os farmacêuticos é inferior à média nacional (4,4% contra 6,8%), com mais de oito em cada dez a arranjar emprego no máximo em três meses após terminarem o curso, revela um estudo.

Realizado pela Ordem dos Farmacêuticos (OF), através do Observatório da Empregabilidade no Setor Farmacêutico e da Plataforma Ensino-Profissão, o estudo pretendeu fazer um diagnóstico das diferentes áreas de exercício profissional e caracterizar a empregabilidade e o acesso ao mercado de trabalho no setor farmacêutico.

Segundo o estudo, que decorreu em outubro de 2018 e envolveu 1.502 farmacêuticos, a maioria mulheres (79%), correspondendo a 10% dos membros da OF, a taxa de desemprego entre os farmacêuticos é inferior à média nacional e é ainda mais baixa entre os profissionais com menos de 30 anos, não ultrapassando os 2,8%.

Questionados sobre o tempo decorrido desde que concluíram a formação até começarem a exercer, 82,1% dos inquiridos disseram ter aguardado no máximo três meses, 8,5% entre três a seis meses, 4,7% entre seis a 12 meses e 2,4% entre um a dois anos, refere o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/taxa-de-desemprego/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”75″ slug=”taxa-de-desemprego” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/taxa-de-desemprego/thumbnail?version=1548846899777&locale=pt-PT&publisher=observador.pt” mce-placeholder=”1″]

Contudo, os farmacêuticos mais jovens têm maiores dificuldades no acesso ao mercado de trabalho do que as que foram sentidas pelos colegas das faixas etárias superiores (entre os 30 e os 60 anos). Entre os mais novos, 71,5% diz ter iniciado atividade em menos de três meses, um valor inferior aos profissionais que têm hoje entre 30 e 60 anos (cerca de 90%).

Os farmacêuticos com mais de 60 anos referiram ter demorado mais de três meses, e até dois anos, a encontrar o primeiro emprego.

Cerca de 30% dos inquiridos disse ter sentido algum tipo de dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, justificadas com a reduzida oferta na área profissional pretendida e com mercado farmacêutico em geral, mas também com a falta de experiência profissional e de ofertas de trabalho na área de residência.

De entre as diversas áreas de intervenção dos farmacêuticos, a “Farmácia Comunitária” é a que regista maior procura por parte dos recém-licenciados, mas é também a que tem maior número de farmacêuticos em situação de desemprego.

De acordo com o estudo, mais de 60% dos farmacêuticos desempregados residem na região norte do país.

Sete em cada dez inquiridos referiram ter conseguido entrar de imediato na área que desejava, refere o estudo, acrescentando que os homens e os mais jovens foram os que sentiram maiores dificuldades para conseguir começar a trabalhar de imediato na sua área profissional de eleição.

Os resultados mostram também uma relação direta entre o vínculo de trabalho inicial e a idade dos profissionais, ou seja, quanto menor a idade, maior a percentagem de indivíduos que teve no início da sua carreira profissional um vínculo igual ou inferior a um ano.

O estudo indica que 40% dos farmacêuticos auferem entre 1.000 e 1.700 euros brutos mensais. Embora de forma residual, existem ainda profissionais a receber o salário mínimo nacional (no “Ensino e Investigação”, na “Farmácia Hospitalar” e na “Farmácia Comunitária”).

Revela ainda que os farmacêuticos da área das “Análises Clínicas e Genética Humana” têm maior tempo decorrido desde a conclusão do curso superior, o que explica algum envelhecimento da área profissional, por comparação, por exemplo, com a “Farmácia Comunitária”, onde se encontra maior número de profissionais com menor tempo decorrido desde a conclusão do curso.

Metade dos inquiridos considerou que estava relativamente bem preparado para exercer a profissão no início da sua carreira, mas 82,1% disse que existem lacunas e áreas disciplinar pouco exploradas na formação graduada, em especial a componente prática do exercício profissional e a gestão.

Independentemente do género, idade ou área profissional, 75,4% dos farmacêuticos atribuiu elevada importância à formação contínua, sendo que 46,7% frequentou estudos pós-graduados nos últimos anos.

A percentagem é inferior entre os profissionais que têm na “Farmácia Comunitária” a sua principal área profissional, com 30% a reportar a frequência de estudos pós-graduados conferentes de grau académico.

A maioria dos farmacêuticos disse estar “satisfeito” ou “muito satisfeito” com a profissão, sendo os farmacêuticos de indústria os mais satisfeitos com a sua situação profissional, por oposição aos farmacêuticos hospitalares, que reportam menores índices de satisfação global.