Os principais indicadores económicos do setor empresarial não financeiro em Portugal aceleraram o crescimento em 2017, com o setor do alojamento e restauração a destacar-se com os “crescimentos mais expressivos”, divulgou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo os dados definitivos de 2017 do INE, o volume de negócios, o VAB (Valor Acrescentado Bruto) e o Excedente Bruto de Exploração (EBE) do setor empresarial não financeiro cresceram 9,1%, 8,5% e 9,4% em termos nominais, respetivamente (2,7%, 6,0% e 8,4% em 2016).

O pessoal ao serviço aumentou 5,1% (3,5% em 2016) atingindo um total de 3.892.218 pessoas, enquanto a remuneração por pessoa ao serviço e o VAB por pessoa ao serviço aumentaram respetivamente 2,4% e 3,1% (0,9% e 2,5% em 2016).

De acordo com o INE, estes resultados revelam “um panorama mais favorável” do que os provisórios divulgados em outubro de 2018, revendo “ligeiramente em alta” os principais indicadores económicos das empresas não financeiras sobretudo devido à inclusão da informação das empresas individuais, que nos dados provisórios é ainda estimada.

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Por setor de atividade, o alojamento e restauração destacou-se com os “crescimentos “mais expressivos em 2017 na generalidade dos indicadores económicos”, apresentando aumentos de 18,6% no volume de negócios e de 23,1% no VAB (15,4% e 22,9%, respetivamente, em 2016).

Observou-se ainda que 20,8% das sociedades não financeiras apresentaram VAB negativo e 39,4% resultados líquidos negativos, o que traduz melhorias de 0,6 e de 1,5 pontos percentuais face a 2016, respetivamente.

Em 2016, exerciam atividade em Portugal 11.526 grupos de empresas nacionais e multinacionais. Destes, 7.826 grupos tinham o centro de decisão localizado em Portugal e os restantes grupos tinham controlo estrangeiro.

Em 2017, os nascimentos de empresas cresceram 5,5% e, pela primeira vez nos últimos cinco anos, o pessoal ao serviço por sociedade criada excedeu a mesma relação entre sociedades que morreram (2,1 face a 1,8 pessoas ao serviço por sociedade, respetivamente).

Segundo o INE, a demografia (entradas — saídas) contribuiu positivamente para o crescimento do pessoal ao serviço (+0,8 pontos percentuais), das remunerações (+0,1 pontos percentuais) e do VAB (+0,5 pontos percentuais), contrariando o cenário observado em 2016 (-0,2, -0,6 e -0,1 pontos percentuais, pela mesma ordem).

Do total das 394.967 sociedades não financeiras, 6.384 eram de elevado crescimento, “o número mais elevado desde 2013”, tendo o VAB por elas gerado somado 12.941 milhões de euros, correspondendo a 19,1% do valor total das sociedades com dez ou mais pessoas remuneradas (+2,3 pontos percentuais do que em 2016).

Em 2017, as sociedades integradas em grupos representaram 7,4% do total de sociedades não financeiras, contribuíram com 63,6% do volume de negócios, 60,6% do VAB e empregaram 39,9% das pessoas ao serviço.

De acordo com o INE, apresentaram ainda um indicador de qualificações do pessoal ao serviço superior ao registado pelas sociedades não integradas em grupos.

O instituto nota que “desde 2013 que a produtividade aparente do trabalho das sociedades não financeiras tem evoluído favoravelmente”, sendo que as pequenas e médias empresas registaram “uma evolução claramente mais favorável face às grandes sociedades” quer na remuneração média mensal, quer na produtividade. Aliás, refere, as grandes sociedades observaram mesmo um decréscimo de 456 euros no valor da produtividade entre 2016 e 2017.

Em linha com a tendência geral, as sociedades com perfil exportador registaram um crescimento na generalidade dos indicadores económicos em 2017, sendo que existiam nesse ano mais 4,4% de sociedades com perfil exportador do que no ano anterior, totalizando 24.784 empresas.

De acordo com o INE, apesar de este tipo de sociedades representar “uma pequena porção” em termos de número (6,3% do total de sociedades não financeiras), concentraram 23,0% do pessoal ao serviço, 34,9% do volume de negócios e 33,0% do VAB.

As sociedades dos setores de alta e média-alta tecnologia, que representaram 9,9% do volume de negócios e 12,0% do VAB do total das sociedades não financeiras, pagavam, em média, quase mais 500 euros de remuneração mensal que o total das sociedades, apresentando também uma produtividade aparente do trabalho superior em cerca de 20 mil euros à do total das sociedades não financeiras (48,9 mil euros face a 29,0 mil euros, respetivamente).