A jornalista filipina Maria Ressa, uma das “personalidades do ano” da revista Time em 2018, foi esta quarta-feira detida por “difamação cibernética”, após a publicação de um artigo em 2012 sobre o empresário Wilfredo Keng.

Maria Ressa encontrava-se nas instalações do Rappler – um portal de notícias online que adotou uma linha crítica da guerra contra as drogas liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Gabinete Nacional de Investigação entraram para entregar o mandado de prisão, explicou a equipa de redação, nas redes sociais.

Segundo a agência de notícias Efe, a jornalista filipina entregou-se voluntariamente às autoridades. O departamento de Justiça apresentou acusações de “difamação cibernética” contra o portal Rappler, Maria Ressa – diretora do portal de notícias e presidente da corporação Rappler Incorporated – e o jornalista de investigação Reynaldo Santos, por um artigo publicado em maio de 2012.

No passado mês, três procuradores do departamento de Justiça decidiram a favor do empresário Wilfredo Keng, que em outubro de 2017 apresentou uma denúncia pela reportagem de investigação do Rappler, no qual Keng estava alegadamente ligado ao tráfico de drogas e pessoas. Keng apresentou a queixa, cinco anos após a publicação da reportagem, à Divisão de Crime Cibernético do Gabinete Nacional de Investigação, que rejeitou o caso em fevereiro de 2018 por falta de fundamentos e porque já tinha passado o prazo de um ano para apresentar uma queixa por difamação. No entanto, o departamento de Justiça reabriu o caso uma semana depois, em março de 2018, com base na teoria da “publicação contínua”, uma vez que o artigo ainda se encontrava na rede.

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Este não é o único processo judicial que Maria Ressa enfrenta, já que em novembro de 2018 foi emitido um mandado de prisão por cinco alegados crimes de evasão fiscal, acusando tanto o portal Rappler como Maria Ressa. Ressa evitou a prisão com o pagamento de uma fiança e o caso está a aguardar julgamento.

A jornalista assegurou que os seus compromissos com o fisco estão em ordem e que todas essas acusações contra si e contra os media que dirige são uma perseguição política da administração de Duterte pelos seus artigos críticos da sua gestão.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não escondeu a sua animosidade em relação a Rappler, que acusou de ser financiado pela CIA, e proibiu em fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio.