Apesar de as europeias estarem aí à porta, o PSD não quer desviar as atenções das legislativas. Tudo para mostrar que a “alternativa ao governo” está a ser construída com tempo e ponderação, e que não vai ser feita em cima do joelho. Falando aos jornalistas esta quinta-feira, na sede do PSD, o coordenador do Conselho Estratégico Nacional do PSD, David Justino, deixou claro que o mote da convenção que vai ter lugar este sábado, em Santa Maria da Feira, é a recolha de contributos para o programa eleitoral — que será depois o “programa de governo”.

“Estamos a três meses das europeias, mas também estamos a seis meses das legislativas, com férias pelo meio, por isso não podemos estar a pôr as munições todas numa coisa para depois, no espaço de três meses, apresentarmos alguma coisa”, disse o vice-presidente do PSD quando questionado sobre a possibilidade de o PSD estar a desviar atenções do primeiro teste eleitoral, que são as eleições para o Parlamento Europeu.

De acordo com Justino, Paulo Rangel já foi anunciado como cabeça de lista, na semana passada, e o objetivo é o assunto ficar congelado até novos desenvolvimentos (nomeadamente a composição da lista). Por isso é que Rangel não vai sequer ter um palco próprio na convenção de sábado, nem vai ser um dos oradores da sessão de encerramento: em vez dele vai falar o comissário europeu Carlos Moedas, antes de Rui Rio e David Justino. O eurodeputado e recandidato às europeias vai apenas integrar uma das 16 secções temáticas, sobre Assuntos Europeus, que vão funcionar em simultâneo na parte da manhã, e que decorrem maioritariamente à porta fechada. Com ele vai estar também o eurodeputado José Manuel Fernandes, e ambos vão falar dos desafios do ‘brexit’ e do futuro da Europa.

Com “cada coisa no seu lugar”, as europeias ficam para já numa gaveta. Estando a convenção do Conselho Estratégico (CEN) “marcada já há algum tempo”, o objetivo é centrar as atenções no trabalho preparatório que o PSD está a fazer há ano e meio, juntando contributos de “militantes” e de “independentes que querem colaborar”, para mostrar ao país que “há uma alternativa que está a ser construída”. E para não se fazer um programa eleitoral em cima do joelho, segundo sublinhou David Justino, os sociais-democratas querem ter o documento pronto entre junho e julho, logo a seguir às europeias (que são no final de maio), para os portugueses “levarem o programa para ler nas férias”. Por isso é que, ao contrário do PS e do CDS, o PSD não quer fazer uma convenção apenas dedicada às europeias: porque as duas eleições “entrecruzam-se”. “Não pode ser uma de cada vez, têm de ser as duas pensadas ao mesmo tempo”.

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Mais de 1600 inscritos e um vídeo de Durão Barroso

Na antecipação da convenção deste sábado, David Justino disse que o partido conta já com mais de “mil inscritos” para as sessões temáticas da manhã, e com “mais de 1600 inscritos” para a sessão da tarde, onde vai ser debatido “o estado do país” numa espécie de “sessão plenária”.

“A sessão está praticamente esgotada”, disse Justino, ironizando com o facto de que, se o PSD “tiver algum problema não será certamente o das cadeiras vazias, mas sim o problema de ter gente à porta”.

Para a sessão da tarde, em Santa Maria da Feira, é esperada ainda a presença — em vídeo — do ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. O encerramento ficará a cargo do comissário europeu Carlos Moedas, David Justino e do presidente do PSD, Rui Rio.

Em todo o caso, da convenção do CEN não vai sair nenhum documento escrito com propostas concretas que vinculem o PSD. Segundo explicou David Justino, a convenção vai ser apenas “uma ponte que vamos atravessar”, com uma “carta de navegar”, mas depois vamos continuar a caminhar”. “A ideia que está na base desta convenção é mostrar que trabalhamos para sermos uma alternativa ao atual governo. Estamos a trabalhar, e construímos, através do debate aprofundado, uma alternativa ao atual governo. Não é uma mera enunciação de políticas, é uma alternativa sustentada, coordenada e participada, que não se faz num semana ou duas, mas sim um ano e meio a trabalhar”, insistiu o vice-presidente social-democrata.