É o terceiro comunicado de esclarecimento do governador do Banco de Portugal no espaço de uma semana. Desta feita depois de o Jornal Económico ter noticiado que Carlos Costa passou férias no empreendimento de Vale de Lobo depois de ter aprovado esse crédito enquanto administrador da Caixa Geral de Depósitos.

O governador do BdP confirma que passou férias no empreendimento, mas rejeita qualquer conflito de interesses nesse facto, afirmando que não participou na reunião do Conselho de Crédito Alargado que deu a aprovação final para o crédito da Vale do Lobo.

“Em 2013 e 2014, sete e oito anos respetivamente depois de ter cessado funções de administrador CGD, o Governador passou férias no empreendimento de Vale de Lobo (6 a 16 de agosto de 2013 e 9 a 16 de agosto de 2014), tendo pago pelos arrendamentos os valores praticados pela empresa em cada ano, não tendo beneficiado de qualquer desconto”, indica Carlos Costa no comunicado divulgado no site do Banco de Portugal (BdP).

Assim, o Governador “entende que não existe qualquer conflito de interesses nesta decisão, dado que, como resulta da auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos, o financiamento da CGD a Vale do Lobo teve a aprovação final numa reunião do Conselho Alargado de Crédito que não contou com a presença do Governador”. Carlos Costa foi administrador da CGD entre 07 de abril de 2004 e 30 de setembro de 2006.

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Na sua edição desta sexta-feira, o Jornal Económico escreve que Carlos Costa passou férias no resort turístico de luxo Vale do Lobo, “onde arrendou casa em 2013 e 2014, depois de ter votado favoravelmente enquanto administrador da Caixa “o empréstimo de 194 milhões ao projeto imobiliário, onde o banco público ficou ainda com uma participação de 25%”.

“O arrendamento ocorreu numa altura em que sociedade gestora do resort já estava a falhar, há quatro anos, o pagamento do empréstimo” ao banco público.

Na auditoria da EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015, o financiamento a Vale do Lobo é apontado como um dos créditos ruinosos. Neste período de 15 anos, este investimento terá gerado perdas de 228 milhões de euros, escreve o JE.