O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, anunciou esta sexta-feira que não irá visitar a Guiné-Bissau antes das eleições legislativas do dia 10 de março, por considerar que “não seria adequado ir neste momento”.

Jorge Carlos Fonseca fez esta revelação durante uma conversa com a comunicação social sobre a deslocação a Portugal que irá realizar entre domingo e terça-feira.

O Presidente da República cabo-verdiano tinha ponderado a possibilidade de fazer uma visita à Guiné-Bissau, país que vai realizar eleições legislativas no dia 10 de março, na qualidade de presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O Presidente guineense, José Mário Vaz, anunciou a visita oficial de Jorge Carlos Fonseca ao país, que deveria ter decorrido entre os dias 12 e 14 de fevereiro, e em que o chefe de Estado cabo-verdiano seria acompanhado pelo secretário-executivo da CPLP, o português Francisco Ribeiro Telles.

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Segundo o chefe de Estado cabo-verdiano, o objetivo da visita seria inteirar-se “dos preparativos do processo eleitoral, como correu o recenseamento, a reação e postura dos atores políticos, partidos, Presidente da República, Governo”. Tinha ainda a ideia de “contactar organismos da sociedade civil, das igrejas, todos os partidos políticos”, adiantou.

A campanha eleitoral na Guiné-Bissau arranca este sábado.

Sempre disse que, numa altura destas e nesse contexto, que é um contexto de alguma emotividade, complexidade, para quem conhece o percurso político da Guiné-Bissau nos últimos tempos, só teria sentido essa visita neste momento caso todos os protagonistas políticos entendessem que a presença do presidente em exercício da CPLP contribuísse para ajudar o processo eleitoral”, acrescentou.

E também disse que “se houvesse alguma divergência, algumas reservas”, então “não faria sentido ir neste momento, mas tendo sempre a possibilidade de ir no momento pós-eleitoral”.

Após uma auscultação de várias personalidades, e através dos “dados que surgiram na imprensa”, o chefe de Estado cabo-verdiano concluiu que “não seria adequado ir neste momento” e que “deixaria esta visita para um momento posterior”.

Segundo Jorge Carlos Fonseca, esta decisão já estava tomada quando recebeu, na cidade da Praia, o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, que assumiu “riscos” de a visita do Presidente da República de Cabo Verde à Guiné de “ser mal-enquadrada e mal interpretada” e, por isso, provocar “reações”.

O Presidente da República cabo-verdiano, e apesar da sua decisão já ter sido tomada, reconfirmou a justeza da mesma após ter recebido o presidente do PAIGC, disse.

“Obviamente que não ando nisto desde ontem, ando nisto há 50 anos e a hipótese de manipulação é uma hipótese académica”, referiu.

Jorge Carlos Fonseca espera agora que o processo eleitoral “decorra com normalidade, que as coisas corram bem, que as eleições sejam livres, justas e, sobretudo, que o pós-eleições decorra bem, que os resultados sejam aceites por todos, que leve à formação de um novo Governo e que as coisas tenham um caminho normal e a Guiné-Bissau consolide a sua democracia, o seu Estado de direito e sobretudo que haja progresso económico e social”, disse.

Para o chefe de Estado, os guineenses fizeram “uma luta exemplar para a independência, anseiam pelo bem-estar e tranquilidade e é um povo que merece, tanto ou mais do que qualquer outro, tirar benefícios do processo de luta que encetaram há algumas décadas”.