Foi um dois em um: europeias e legislativas na mesma ação de rua. Ao lado de Paulo Rangel, o recém-anunciado cabeça de lista do PSD às europeias, e do alemão Manfred Weber, candidato do PPE (a família política do PSD) à Presidência da Comissão Europeia, Rui Rio fez de cicerone, mas não despiu o fato de candidato a primeiro-ministro. O governo, acusou, “vendeu aos portugueses uma imagem de Portugal que não corresponde à realidade, vendeu quase o país das maravilhas onde tudo é fácil e possível”, estando agora “a colher a consequências do que fez”.

Em mais um dia de greve geral, o líder do PSD falava dos números divulgados na imprensa dessa manhã que dão conta de que desde o início do ano são já mais de 100 os pré-avisos de greve anunciados: “Era de prever no dia de amanhã, quando a economia começasse a crescer menos, e como este governo como não preparou o futuro de Portugal, teríamos o descontentamento. O que nós estamos a assistir é que temos o descontentamento já hoje, ainda com a economia a crescer, a crescer menos, mas a crescer.”

Para Rio não há duvidas de que “há uma gestão política desastrosa das expectativas e uma fotografia dada à população portuguesa que não corresponde à realidade”. O líder dos PSD foi ainda mais longe, dizendo que existe uma “dessintonia muito grande entre aquilo que é a situação do país vendida pelo governo e a situação real”.

O encontro tinha sido marcado para as 11h30, no emblemático Café Guarany, em plena Avenida dos Aliados, ponto de partida de uma pequena visita guiada pela baixa portuense. O primeiro a chegar foi Rui Rio, mas poucos minutos depois, Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD à europeias 2019, apareceu acompanhado por Manfred Weber, o alemão candidato do PPE à Comissão Europeia, que nos últimos dois dias visitou o Porto.

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O dia nasceu soalheiro e com muita gente na rua, o que também pode ter a ver com a greve: “Aquilo que nós vemos é uma desconcertação social total com greves por tudo quanto é lado”, o que na opinião de Rio “mostra claramente que o governo perdeu a mão na questão social em Portugal.”

O líder laranja não entende a dificuldade no “relacionamento” entre o executivo e a UGT, dizendo mesmo existir uma “clivagem” entre o primeiro ministro e a união sindical. “O Partido Socialista juntamente com o Partido Social Democrata são os esteios da UGT, portanto, não compreendo porque é que o primeiro ministro não dialoga com a UGT.”

Após o café matinal tomado no Guarany, juntamente com Alberto Machado, líder da distrital do Porto, e, entre outros, Cancela Moura, vereador da Câmara Municipal de Gaia, Rio, Rangel e Weber desceram juntos a Avenida dos Aliados com os olhos postos nos pontos turísticos da cidade. Passaram pela Câmara Municipal do Porto, pela estátua de D. João IV ou pela Igreja dos Congregados. Rio estava em casa e parecia já estar em campanha, cumprimentou sorridente agentes policiais, vendedoras de castanhas e foi abordado por alguns locais, que lhe desejaram “boa sorte”. O trio fez, inclusivamente, parar o trânsito junto à estação de S. Bento, ao atravessar nas passadeiras com o sinal vermelho, merecendo algumas buzinas.

Rio e Weber juntos na necessidade do reforço da União Europeia

Até sobre Europa foi o líder do partido a falar e não o cabeça de lista. Na estação de São Bento, Rui Rio defendeu a visão de que é preciso “reforçar” e “não desmembrar” a Europa. Para o presidente do PSD, o Brexit é “um exemplo claro” de que é necessário “reforçar a equipa”.

E como está tudo ligado, a crise política em Espanha, no dia em que se soube que Pedro Sanchéz marcou eleições legislativas antecipadas para 28 de abril, também preocupa o presidente do PSD: “A economia portuguesa tem uma grande integração com a espanhola, portanto, qualquer quebra da economia espanhola reflete-se negativamente me Portugal, qualquer crescimento adicional da economia espanhola reflete-se positivamente”, rematando esperar que “um impacto negativo não seja assim tão forte quanto isso”.

As próximas eleições europeias são, para o líder social-democrata, “muito importantes” no sentido do reforço da presença e da participação portuguesas na União Europeia. Rui Rio defende que Portugal precisa de eleger mais deputados, e para isso é preciso votar.

Manfred Weber era o convidado de honra, numa visita que serviu para “estreitar o relacionamento” entre o PSD e o PPE, e abrir a porta para resolver os principais problemas nacionais, depois das europeias. Para isso, o líder social-democrata quer contar com o apoio de Weber, já “que a probabilidade de eleição de Weber” como o próximo presidente da Comissão Europeia, é bastante elevada.

Dizendo-se muito satisfeito por estar em Portugal, o presidente do PPE atendeu ao repto de Rui Rio, e prometeu “lutar pelos interesses portugueses, de uma forma forte”. Manfred Weber ainda aproveitou a vinda ao Porto para reiterar a posição do PPE em relação a alguns aspetos da política comunitária. O candidato à sucessão de Jean Claude Juncker, advoga que a criação de crescimento económico é o maior desafio, especialmente, o fomento do emprego e de salários mais altos, e a abertura dos mercados europeus ao resto do mundo.

A aposta nas condições de vida é “a chave” para o futuro, segundo o alemão, que pretende intensificar o investimento na tecnologia e na inovação, seguindo os exemplos da universidade do Porto, e dos seus institutos, como o i3S, que teve a oportunidade de visitar.

Lutar contra a imigração ilegal é outra das bandeiras de Weber. O líder do PPE afirma a importância de a União Europeia proteger as suas fronteiras, e promover um sentimento de segurança aos cidadãos.