Em entrevista à TSF, dois dias depois de ter subido ao palco da convenção europeia do PS, em Vila Nova de Gaia, Francisco Assis mostra-se disponível para ajudar o PS nas próximas eleições apesar de ter sido afastado da lista às europeias. “Depois de toda a divergência, seria absurdo representar o PS”, admite, recusando-se no entanto a passar para o lado da oposição a António Costa. Francisco Assis foi desde a primeira hora um crítico assumido da solução da “geringonça”, e paga agora o preço das críticas.

Em 2014, Francisco Assis foi o cabeça de lista às europeias escolhido por António José Seguro e, apesar de ter ganho, os 31% dos votos que obteve foram considerados “poucochinhos” pelo desafiador António Costa. Agora, contudo, Assis garante que não vai impor esse tipo de pressão ao líder do partido, mas não resiste a considerar que o PS “tem condições mais favoráveis” agora do que tinha há cinco anos, no tempo de António José Seguro. “Aparentemente, à distância de três meses, as circunstâncias atuais são bastante mais favoráveis que as de há cinco anos. Mas as coisas podem mudar e, por isso, eu não vou estabelecer aqui nenhuma meta para o PS“, disse.

Depois de uma “conversa séria e civilizada” com António Costa — “uma conversa entre duas pessoas que se estimam e respeitam” –, que Assis não revela o conteúdo, ficou clara para o ainda eurodeputado que não iria fazer parte das listas do PS às europeias. Uma decisão que, diz, já estava presente na sua cabeça e que não o surpreende.

“É provável que [António Costa] tivesse a perceção, que eu também tenho, de que neste momento me seria difícil produzir um discurso público em total consonância com o discurso oficial do Partido Socialista. É sabido que temos tido, ao longo destes anos, algumas divergências, que não são, contudo, divergências absolutamente insuperáveis, nem que me impeçam de me disponibilizar para participar ativamente na campanha eleitoral do PS e de procurar contribuir para o sucesso eleitoral do Partido Socialista. Até porque acho que este momento é de convergência”, disse, garantindo que irá para a rua fazer campanha se isso lhe for pedido.

Sublinhando que teria aceitado integrar a lista do PS mesmo que passasse de cabeça de lista para outro lugar, Francisco Assis diz que estava certo na sua cabeça que “não estaria em condições para ir representar o PS como número um, seria absurdo depois de toda a divergência”. Em todo o caso, de lhe pedirei, irá participar ativamente nas eleições ao lado de Pedro Marques e de Costa. “Participarei, quer nesta campanha, quer na campanha de outubro porque, repito, por muito grandes que sejam as divergências, elas são muito mais pequenas do que as divergências que tenho com todos os demais projetos políticos em Portugal, como é evidente”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR