O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, demitiu esta segunda-feira o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, na sequência de notícias publicadas pela Folha de São Paulo que davam conta da existência de um esquema ilegal de financiamento de uma campanha eleitoral estadual envolvendo Bebianno.

Trata-se da primeira baixa no governo de Bolsonaro, que foi eleito em outubro do ano passado e que tomou posse em 1 de janeiro deste ano. A decisão foi anunciada esta segunda-feira pelo porta-voz da presidência brasileira, Otávio Rêgo Barros, que leu um comunicado e anunciou que o substituto será o general Floriano Peixoto Neto.

“O excelentíssimo senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro decidiu exonerar nesta data, do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o senhor Gustavo Bebianno Rocha. O senhor presidente da República agradece sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso em sua nova caminhada”, afirmou o porta-voz, em declarações citadas pelo portal brasileiro G1.

O porta-voz acrescentou ainda que a decisão de Bolsonaro é do “foro íntimo” do presidente.

Após o anúncio do porta-voz, foi divulgado um vídeo no qual Bolsonaro admite que “pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza”. O presidente brasileiro afirma ainda reconhecer “a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno a frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018. Seu trabalho foi importante para o nosso êxito”.

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A demissão de Gustavo Bebianno, que foi um dos coordenadores da campanha eleitoral de Bolsonaro, surge na sequência de uma polémica relacionada com o alegado recurso a “candidatos laranja” — ou seja, candidatos fictícios, pessoas que aceitaram que o seu nome fosse usado em listas sem que desempenhassem efetivamente qualquer função, recebendo dinheiro por isso — por parte do PSL, partido de Bebianno e de Bolsonaro.

Foi o jornal brasileiro Folha de São Paulo que divulgou, na semana passada, que quando Gustavo Bebianno era o presidente do PSL, o partido atribuiu 400 mil reais (aproximadamente 100 mil euros) a uma candidata a deputada federal do partido no estado brasileiro de Pernambuco, escolhida apenas quatro dias antes da eleição, e que conseguiu reunir uns meros 274 votos. Isto, segundo a imprensa brasileira, indicia que se trata de uma “candidatura laranja”, esquema a que habitualmente se recorre para desviar dinheiro dos fundos eleitorais.

A maioria das “candidaturas laranja” a que o PSL recorreu foram de mulheres, algo que poderá ser explicado pelo facto de o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro determinar que pelo menos 30% do fundo eleitoral tem de ser atribuído a candidaturas femininas, como avança o G1.