O proprietário do terreno onde se encontrava o poço onde Julen morreu, em Totalán, Málaga, já foi detido em seis ocasiões mas em nenhuma delas foi preso. Segundo conta o El Español, David Serrano Alcaide, também tio da criança de dois anos e meio que morreu depois de cair no poço a 13 de janeiro, tem 35 anos.

No seu registo criminal, são indicadas seis prisões decretadas por diferentes motivos que vão desde maus tratos a tráfico de drogas. Agora, Alcaide pode vir a ser acusado de homicídio por negligência, sujeitando-se a uma pena que poderá ir até aos quatro anos de prisão.

A primeira detenção de David Serrano Alcaide ocorreu em 2006, quando agentes da polícia espanhola o detiveram por estar envolvido num caso de maus tratos. No mesmo ano, foi novamente preso por quebrar as medidas de coação impostas depois da primeira detenção.

Nos anos seguintes, contam-se acusações por roubo com violência, tráfico de drogas ou ameaças. Segundo o advogado de Alcaide, Antonio Flores, citado pelo El Español, nenhuma condenação pesa sobre o seu cliente, “segundo o registo da prisão do Ministério da Justiça”.

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Julen. As contradições do dono do terreno e tio do bebé de dois anos que morreu no poço

O advogado do dono do terreno reconhece, no entanto, que caso Alcaide seja chamado a tribunal a propósito da morte de Julen, o facto de o seu cliente ter processos criminais a aguardar julgamento será relevante. Mas acredita que essa eventual condenação não chegará, e afirma que Alcaide “é inocente”.

O mais próximo que Alcaide esteve de entrar numa prisão foi em 2007, quando entrou num centro de inserção social, em Málaga. “Para fins práticos, ele não esteve na prisão”, referem fontes prisionais contactadas pelo El Español. Este tipo de centros destina-se à população prisional que cumpre sentença em regime aberto ou aos reclusos em avançado estado de reintegração, dando-lhes a possibilidade de passar períodos fora da prisão.

Foi há quatro meses, em outubro de 2018, que Alcaide comprou o terreno, em Totálan. E, segundo apurou o jornal espanhol, em meados de dezembro chamou uma empresa de perfuração, em busca de água debaixo da terra. O trabalhador da empresa terá feito dois buracos no terreno onde Julen acabaria por morrer: um de 150 metros, e outro de 111 metros. O trabalho, refere o El Español, carece de permissões da Junta da Andaluzia.

O tribunal que trata do “caso Julen” acedeu a um pedido para que David Serrano Alcaide fosse investigado pelo crime de homicídio negligente. O dono do terreno aguardará agora o desenvolvimento do caso.