A primeira pergunta na flash interview da SportTV ainda estava a ser formulada, a propósito da influência do golo madrugador de Seferovic logo aos três minutos, e já Bruno Lage começava a esboçar um sorriso com a resposta que tinha preparada. “Mais fácil… Tudo é fácil quando termina”, atirou naquele seu jeito muito direto de analisar os jogos com aquela pronúncia de Setúbal, onde nasceu, que de vez em quando transparece de forma mais expressiva. Foi esse tipo de linguagem sem rodeios que ganhou o plantel do Benfica mas foi também esse tipo de linguagem que conduziu o técnico a uma gaffe que tentou desde logo disfarçar mas que acabou por motivar um sorriso do próprio, quando estava a elogiar o ataque do Desp. Aves.

Os adultos que jogam como miúdos para os mais novos subirem a montanha (a crónica do Desp. Aves-Benfica)

“Foram 90 minutos muito bem disputados. É verdade que entrámos muito bem em campo, estávamos a vencer aos dois [três] minutos com um golo. Nos primeiros 20 minutos fomos a melhor equipa e tivemos o controlo do jogo. Depois, por essa vantagem cedo, a equipa tentou abusou na procura da profundidade e o jogo ficou mais dividido. Na segunda parte tivemos outra entrada forte, com a expulsão as coisas ficaram um bocadinho mais complicadas, mas o resultado estava do nosso lado”, começou por referir. “Senti que tomámos as melhores decisões, com o Desp. Aves a jogar em casa, uma equipa que se fecha muito bem. Tinham três gajos… Tinham três jogadores que fazem uma transição ofensiva muito forte. Na expulsão do Ferro vemos isso, que foi uma pequena distração, são homens rápidos. Acaba por ser uma vitória justa”, acrescentou.

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“Esse excesso de procura da profundidade foi algo que corrigimos ao intervalo, procurámos mais o espaço entre linhas. Fruto daquilo que foi o nosso golo logo a abrir, os jogadores sentiram que podiam continuar a explorar a profundidade. Conseguimos durante 20 minutos, depois não. Gestão da equipa? Vamos fazendo a nossa gestão no dia a dia, olhando para nós, percebendo em que estado estamos e que todos contam. Após a expulsão, ver o Jonas a entrar dez minutos e a fazer o que fez, o Zivkovic com cinco minutos é pouco tempo. Definimos a nossa estratégia e procurámos o jogo dessa forma”, destacou, antes de sair em defesa, mais tarde na conferência de imprensa, de Ferro, que acabou por ser expulso a meio da segunda parte.

“Castigo a Ferro com Jardel e Conti lesionados? O próximo jogo do Campeonato, com o Desp. Chaves, é daqui a uma semana, antes ainda temos um para as competições europeias, frente ao Galatasaray, que será muito importante para nós. É um problema que vai surgir lá para a frente. A nossa vida é assim, primeiro um jogo, depois outro”, disse na zona de entrevistas rápidas. “As expulsões acontecem em jovens e em menos jovens. O Ferro tem feito um bom trabalho e até já marcou mais golos na equipa A do que em meia época na equipa B. Todos passam por essas dificuldades. O Desp. Aves tem três avançados perigosos, ao mínimo deslize obrigam a cometer um erro”, completou depois na conferência.

“Jogo com o FC Porto no Dragão? Ainda não consigo olhar para esse jogo, para mim está muito longe. Primeiro há o jogo com o Galatasaray, depois o jogo com o Desp. Chaves e depois teremos uma semana para preparar esse”, concluiu.

A noite da sétima vitória consecutiva no Campeonato trouxe outros pontos de regozijo para o técnico dos encarnados, como os 60 golos apontados em 22 jornadas da prova (mais 16 do que o FC Porto e o Sporting) e os 91% de vitórias que tem desde que assumiu o comando, naquele que é o maior índice de aproveitamento entre treinadores do Benfica com dez ou mais encontros orientados. No entanto, a noite foi também marcada pela notícia da CMTV que Bruno Lage passou a ser representado pelo empresário Jorge Mendes, que deverá liderar o processo sobre o futuro próximo do antigo técnico da equipa B.